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Académico grego diz que vitória do Syriza prejudica direita portuguesa

Partido liderado por Alexis Tsipras repetiu no domingo a vitória de janeiro passado, desta vez com 35,5% dos votos

O Syriza, partido liderado por Alexis Tsipras, repetiu no domingo a vitória de janeiro passado, desta vez com 35,5% dos votos, e vai voltar a formar uma coligação governamental com o partido nacionalista de direita Gregos Independentes, que obteve 3,69% dos votos. O investigador referiu ainda que “estas medidas vão novamente afetar muito os gregos”, manifestando o receio de que se verifiquem novas manifestações nas ruas, “o que pode criar instabilidade e problemas políticos para este Governo”.

O académico grego Elias Soukiazis disse esta segunda-feira à Lusa que os resultados das eleições na Grécia mantêm a situação económica, mas consolidam as posições políticas do Syriza acabando por prejudicar os partidos de direita em Espanha e Portugal.

Para o matemático grego, professor na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, apesar das mudanças registadas no seio do Syriza, o resultado das eleições de domingo “não pode ser aproveitado” pelas forças políticas de direita que se encontram no poder em Espanha e Portugal, países que se encontram em pleno processo eleitoral.

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“Imaginemos o contrário: se a Nova Democracia tivesse ganhado estas eleições ouviríamos Pedro Passos Coelho e Paulo Portas a dizerem que tinha falhado o projeto da esquerda na Grécia. Ouviríamos dizer: ‘nós fizemos bem o nosso trabalho aqui e essas aventuras da esquerda não se justificam’, o que não se verifica neste momento. Não dizem nada”, afirmou o académico grego, sublinhando que as sondagens gregas falharam.

“As sondagens falharam na Grécia e é possível que em Portugal também falhem porque não acredito na vitória da coligação. Como na Grécia, as pessoas estão cansadas desta austeridade e na minha opinião vai haver um resultado diferente”, considerou Elias Soukiazis, que destacou também a elevada abstenção nas eleições de domingo.

Para Soukiazis, estas eleições foram realizadas por razões políticas e convocadas pelo próprio Tsipras “para dar uma nova oportunidade aos gregos” sobre a viragem registada no próprio partido.

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Para o académico, “os gregos que votaram” concordaram com as políticas apresentadas e, neste momento, Tsipras pode continuar a governar fazendo uma coligação com a direita e conseguir um Governo para os próximos quatro anos, mas sublinhou que apesar da vitória as políticas económicas não vão mudar.

“O Banco Central Europeu, o Eurogrupo e os credores, depois do golpe que fizeram em julho, ao cortarem o financiamento, obrigaram a Grécia a fechar os bancos continuando a manterem o controlo de capitais sendo que o acordo que Tsipras assinou foi o de aceitar mais austeridade do que aquela que estava prevista anteriormente”, disse Elias Soukiazis, lembrando que a primeira avaliação dos credores sobre as novas medidas está marcada para o próximo mês.

“Aquilo que eu receio é que a partir de outubro venham a ser experimentadas estas medidas com cortes nas pensões e - novamente - um aumento brutal nos impostos como foi feito cá em Portugal. Há também a venda do património das empresas públicas para os gestores privados e, sobre isto, basta dizer que já foram vendidos 14 aeroportos regionais que passaram para as mãos dos alemães”, disse.

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Finalmente, Soukiazis considerou que apesar de, na prática, o Syriza ter mudado, o Eurogrupo e os neoliberais “vão ter de engolir mais uma vez um sapo” porque vão ter de negociar com um Governo politicamente de esquerda – “embora na prática não seja um Governo de esquerda”.

“Seria mais fácil para eles negociarem com a Nova Democracia (direita), não teriam oposição nenhuma. Agora têm de negociar com o primeiro Governo de esquerda que existe na Grécia e isto pode criar mais dificuldades em termos de negociação”, disse o académico.

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