Gaitas de foles à frente. À volta bandeiras e apoiantes. Jerónimo de Sousa arrancou para uma arruada no centro de Alcochete quando os restaurantes já aqueciam as brasas para assar o peixe e a carne para o almoço.
A beira de um deles, o líder comunista não resistiu a dar uma volta a um pimento na grelha, nem a uma pequena provocação jornalística: “A campanha está em brasa ou não?”, desafiou o microfone. “Está uma brasa, está”, respondeu Jerónimo de Sousa, soltando uma gargalhada.
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Entre cumprimentos e saudações, as perguntas dos jornalistas detiveram a comitiva a meio do percurso, para ouvir Jerónimo de Sousa defender que a “CDU avança” e quer roubar o “sonho” de uma maioria à coligação. Mas quer mais do que isso.
Jerónimo de Sousa recusou também que o “susto” da falta de resultados claros a 4 de outubro, que a direita agita, assuste alguém. “O maior susto é este Governo PSD/CDS continuar a infernizar os portugueses”.
Recusou também entrar no “falso dilema” da escolha entre a continuação da coligação de direita no poder ou de um PS no poder, apoiado pela CDU. Ainda que não tenha afastado liminarmente entendimentos e tenha lembrado: “Votámos a favor de muitas iniciativas do PS”.
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“Quanto a nós - os senhores jornalistas podem pensar que isto é uma cassete mas não é - aquilo que nós dizemos é que estamos sempre prontos para um diálogo sincero e que a CDU nunca faltará a uma política patriótica e de esquerda”, frisou.
Jerónimo de Sousa tem insistido no papel da CDU na oposição, defendendo que a coligação PCP/PEV tem sido a principal força de contestação às políticas de governo. Mas esta manhã, em Alcochete, recusou que seja mais confortável ficar nessa posição.
“Este partido tem um projeto, estamos prontos e em condições de assumirmos responsabilidades”, garantiu.
Depois, já no final da arruada, no palanque montado no centro de Alcochete, o líder comunista ouviria o cabeça-de-lista da CDU pelo distrito a pegar na imagem de Passos Coelho e Paulo Portas a “fingir que sabem apanhar framboesas” no Algarve, para desafiá-los também a “apanharem amêijoa no estuário do Tejo”. Um repto a enfrentarem as condições “inumanas” a que se sujeitam “milhares de pessoas”, por “falta de meios de subsistência. “Era bom vê-los correr os riscos da apanha da amêijoa”, apontou.
Pouco depois, Jerónimo de Sousa repescaria o tema da “apanha”, puxado por Francisco Lopes, para largar um aforismo de improviso”. “É mais fácil apanhar gambozinos do que a direita apanhar uma maioria”, sentenciou.
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