«Um acto simbólico». Foi desta forma que Manuel Monteiro, fundador e presidente do Partido Nova Democracia (PND), qualificou a acção de protesto que teve lugar esta tarde frente à embaixada da Rússia, em Lisboa. O antigo presidente do CDS-PP disse pretender «chamar a atenção» para o «autoritarismo» e «falta de democracia» na Federação Russa, «de que a recente prisão de Gary Kasparov é o mais recente e ilustrativo dos exemplos». Monteiro támbém não poupou o que considera ser a «hipocrisia» do Governo português, face a esta matéria.
O protesto estava marcado para as 19:00. A essa hora uma pequena comitiva, de cerca de dez pessoas, aglomerou-se debaixo de uma arcada do outro lado do edifício da representação diplomática russa. Perante o aparato policial (eram mais os agentes da PSP do que os membros do PND) poder-se-ia pensar que chegariam mais elementos do partido.
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Manuel Monteiro, em conversa com o PortugalDiário esclareceu, que esta não seria uma manifestação tradicional, com palavras de ordem, mas antes de um «acto simbólico», com a «entrega de uma carta ao embaixador russo».
Passados poucos minutos, o líder do PND selou um envelope com a missiva, que leu ao PortugalDiário, e dirigiu-se, ladeado por dois elementos do partido, para as portas do edifício. Na missiva, que acabou por ser entregue ao cônsul russo, e não ao embaixador, Monteiro assinava em nome um conjunto de protestos.
«Venho protestar contra a escalada de perseguição feita a quantos se opõe ao actual Governo da Federação Russa, de que a recente prisão de Gary Kasparov é o mais recente e ilustrativo dos exemplos», lia-se na carta onde Monteiro apresentava ainda uma questão: «Quem governa a Rússia? O povo através das instituições típicas de um estado de direito, eleitas em liberdade e agindo em liberdade, ou um velho e ressuscitado KGB?»
O líder do PND disse ter de «lamentar que em Portugal, um país tão preocupado com os direitos humanos e com a liberdade política, toda a classe política esteja calada perante este novo ditador que é o senhor Putin. Um ditador que é recebido de igual modo como qualquer democrata pelo engenheiro José Sócrates».
Manuel Monteiro revelou ainda ao PortugalDiário estar a «ponderar» escrever uma carta ao primeiro-ministro português, na «qualidade de presidente da União Europeia» em exercício, «pedindo-lhe que faça um protesto junto do Governo russo» contra o que considera ser «um dos mais graves atropelos políticos de um país que se senta» ao lado dos países ocidentais.
O dirigente do PND considera que existe uma «covardia» e «hipocrisia» dos países europeus, incluindo Portugal, perante a «situação na Rússia, dizendo que estes se «vergam» perante os interesses económicos e a dependência energética relativa ao país dirigido por Vladimir Putin.
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