Sem Manuela Ferreira Leite e Pedro Santana Lopes, o brilho no palco foi exclusivo de Pedro Passos Coelho. Perante a maior distrital do país, o candidato à presidência do PSD aproveitou para afirmar o seu «perfil de liderança», sublinhado, aliás, pelo seu concorrente Patinha Antão.
Centenas de pessoas fizeram questão em marcar presença na Fundação Cupertino de Miranda, no Porto, para ouvirem três candidatos (o outro é Neto da Silva). Mesmo que já tivesse sido amplamente noticiada a ausência dos dois pesos pesados. Ferreira Leite avisou a tempo que teria outros compromissos e Santana Lopes desistira na véspera.
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«Os candidatos têm de ser capazes de contactar os militantes e tentar convencê-los com as suas ideias, por isso, estar aqui, é um sinal de respeito», referiu Passos Coelho, lembrando que «esta não é uma corrida a dois».
Perante centenas de militantes presentes na Assembleia Distrital Extraordinária, os três candidatos presentes começaram por apresentar ideias, em discurso de cerca de quinze minutos. Raramente arrancaram palmas e nunca optaram por ataques pessoais. Os nomes de Santana Lopes e Ferreira Leite nunca foram referidos, pelo que o ambiente foi absolutamente pacífico.
Debate ou comício?
A fórmula escolhida pela distrital para este debate nunca funcionou concretamente, dado que os candidatos nunca chegaram a rebater argumentos e até se sentaram lado-a-lado na primeira fila da plateia. O ponto mais importante acabou por surgir após uma série de perguntas feitas pelos militantes.
Foi aí que Passos Coelho tomou o palco e partiu para o estilo-comício. Disse não defender a adopção por casais homossexuais, recordou que nunca se sentiu envergonhado por Santana Lopes ter sido presidente do partido e até teve tempo para encorajar as autoridades a repensarem a organização conjunta do Mundial de futebol de 2018 com Espanha.
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Mas, foi nas questões internas que mais brilhou. «Em primeiro lugar, se não me sentisse preparado para ser primeiro-ministro não me tinha candidatado à presidência do PSD. Não estou aqui para me pôr na fila e tornar-me incontornável nas próximas eleições», frisou, aproveitando para fazer a primeira e única comparação com Manuela Ferreira Leite:
«Depois do debate Prós e Contras, uma rádio fez um fórum e surgiu aí uma opinião que me fez rir. Um ouvinte, com cerca de trinta anos, disse que era preciso uma pessoa que disciplinasse o partido e que essa pessoa era Manuela Ferreira Leite. Mas, quanto às ideias, tinha gostado daquele rapaz novo». Esta declaração arrancou uma enorme salva de palmas e Passos Coelho aproveitava o balanço: «As ideias têm muita força, mas não votamos só nas ideias, também na pessoa que achamos estar melhor colocada para as pôr em prática».
Liderança
Sem tocar no seu nome, também surgiu a resposta a Pedro Santana Lopes. «Se é verdade que não tenho experiência de Governo, é preciso dizer que lutei muito durante muitos anos para que outros pudessem estar lá, lutando pelos ideais do PSD (mais palmas)», frisou, salientando o seu espírito conciliador:
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«Tenho condições para unir o partido, pois tenho conseguido congregar apoios de todos os quadrantes. E posso já avisar que não quero a lei da rolha no PSD, ao contrário do que parece estar a acontecer o PS de José Sócrates (risos na assistência). Se ganhar o PSD, temos condições para ganhar o país». A assistência aplaude e muitos começam a sair.
Já não ouviriam e declaração de Patinha Antão, que fez o elogio de Passos Coelho, ao mesmo tempo que ia assegurando a continuidade na corrida até ao fim, até porque conseguiu assegurar as 1500 assinaturas necessárias para ir às urnas.
«O Pedro preparou-se para ser líder e tem um percurso que deve ser visto com atenção pelo partido. É um percurso de dedicação ao partido», frisou o seu opositor, num elogio estranho, que soou a apoio directo, embora não declarado.
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