A candidata do PS à Câmara do Porto, Elisa Ferreira, afirmou esta sexta-feira que a política da autarquia de só apoiar os que se comprometem a não a criticar é «algo inconcebível numa democracia, típica de antes do 25 de Abril», refere a Lusa.
Elisa Ferreira considerou que Rui Rio «tem uma interpretação muito estranha do que é a postura de Estado e o exercício da gestão do bem público».
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«A noção de bem público gera obrigações que incluem o dever democrático de respeito pela diferença», afirmou.
A Câmara do Porto começou hoje a ser julgada no âmbito de um processo accionado pela companhia teatral ArtImagem, que se considerou lesada por o executivo ter chumbado por maioria um protocolo que previa um subsídio de 20 mil euros para o festival «Fazer a Festa», além da isenção de taxas pela utilização dos espaços e da cedência de equipamentos camarários.
A oposição (CDU, BE e PS) votou contra o protocolo or não concordar com a cláusula estipulava que «se abstivesse publicamente de expressar críticas que colocassem em causa o bom nome e a imagem do município enquanto entidade co-financiadora do evento».
Porém, no caso do Teatro ArtImagem, o CDS-PP absteve-se, o que levou ao «chumbo» da proposta da maioria que lidera a autarquia portuense.
Elisa Ferreira considerou que aquela cláusula imposta por Rui Rio a quem aceita apoios da autarquia é «uma cláusula do dia 24 de Abril, inconcebível numa sociedade democrática».
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«As sociedades monolíticas são estéreis. Quando falamos de uma metrópole cosmopolita, criativa, estamos a falar da diferença como forma de enriquecimento, do intercâmbio como essência da democracia e da cidade», disse.
A ex-ministra do Ambiente recordou que até ao momento a sua campanha tem sido propositadamente marcada «pela abertura ao diálogo a vários sectores da sociedade» por se pautar por «princípios completamente diferentes dos da gestão política em curso na cidade».
«Eu agradeço a crítica construtiva, só assim é possível a tolerância da diferença e o enriquecimento de uma sociedade», disse.
Elisa Ferreira falava à margem do fórum «Inner City - Diálogos da Cidade», promovido por alunos da Faculdade de Arquitectura do Porto, onde intervieram nomes como João Teixeira Lopes, Teresa Lago, Diogo Feio, Paulo Morais e Isabel Alves Costa, entre outros.
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