O ex-presidente da República Mário Soares apontou esta quinta-feira 2008 como «um ano de viragem» política e económica na Europa e no mundo, com reflexos em Portugal, um país «que está bem, apesar de alguns mal-estares», escreve a Lusa.
Este ano «necessariamente será um ano de viragem, mas para onde será essa viragem?», questionou, durante uma palestra, em Lisboa, no âmbito do relançamento, em novo formato, do Courrier Internacional.
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Referindo-se às eleições presidenciais norte-americanas, Soares defendeu que, independemente de ganharem democratas ou republicanos, «tem de mudar a política interna e externa» dos Estados Unidos, «sob pena de o Ocidente entrar em profunda decadência».
Face à crise do mercado bolsista dos EUA, Mário Soares disse temer que «a crise financeira se transforme em crise económica e que a recessão se prolongue e atinja a Europa e os países emergentes».
A crise americana
«Vamos ser confrontados com a crise americana», vaticinou, aludindo a Portugal.
O antigo presidente e primeiro-ministro entende que a União Europeia «está em condições de fazer reformas, ser um modelo para o resto do mundo».
«A Europa política tem de avançar. O Tratado de Lisboa faz alguns avanços», vincou, embora manifestando-se receoso de que «os seus políticos definam uma estratégia autónoma» em relação aos Estados Unidos.
«O Reino Unido sempre achou que a Europa era um mercado comum», exemplificou, ressalvando que «é preciso chegar a altura em os que querem avançar» para uma Europa com uma política externa e de defesa comuns «não sejam tolhidos por aqueles que não querem avançar».
Sobre Portugal, o antigo secretário-geral do PS disse que o país «está bem, apesar de alguns mal-estares», que não precisou.
Afirmou-se «a favor das reformas progressistas», mas criticou a entrega de serviços de ministérios «a advogados, economistas pagos a peso de ouro».
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