Já fez LIKE no TVI Notícias?

«Espero que socialistas digam o que pensam e à bruta»

Relacionados

Mário Soares e António Vitorino em debate sobre a Europa. O raspanete aos eurodeputados e a pressão sobre o Governo por causa dos eurobonds

Mário Soares passou um raspanete aos eurodeputados do PS presentes num debate, esta tarde, no congresso do partido, em Braga, por considerar que estes têm estado «muito calados» no Parlamento Europeu.

«Está na altura de os partidos falarem grosso no Parlamento Europeu. Há poucos socialistas a falarem assim. Espero que, neste congresso, o PS dê directivas para se falar das matérias europeias. Têm de dizer o que pensam e à bruta, sem ser subserviente», disse.

PUB

Lamentando que «o Partido Socialista europeu» esteja «muito silencioso», o ex-Presidente da República falou directamente para os eurodeputados presentes, como Ana Gomes, Edite Estrela e Vital Moreira: «Vocês têm de empurrar uma posição. A vossa missão não é escrever nos jornais portugueses que isto está mal, porque isso nós já sabemos. Têm é de dizer isso lá no Parlamento Europeu».

Soares pediu uma «mudança de paradigma» na Europa, avisando que «o fim da solidariedade europeia será o fim do projecto europeu» e exemplificando com a possível saída da Grécia da Zona Euro: «Se a Grécia for ao fundo, ninguém ficará de pé».

Também António Vitorino instou os eurodeputados a uma maior acção. «Se não tivermos posições, há mais garantias de sairmos perdedores», alertou.

No entanto, o socialista preferiu dirigir as suas críticas ao Executivo liderado por Passos Coelho. «O PSD escondeu a dimensão internacional da crise durante a campanha e agora continua a subestimá-la», lamentou.

PUB

Para António Vitorino, apesar do memorando assinado com a troika, há «margem para diferentes alternativas políticas», pelo que este congresso «tem de mostrar que não há um único caminho possível».

De acordo com Vitorino, o Governo português «pode e deve renegociar com a UE as condições de utilização dos fundos estruturais, indo ao ponto de reduzir a comparticipação financeira nacional».

«Mesmo que o preço a pagar para essa negociação seja aceitar o princípio de uma redução do montante global dos fundos em troca de uma flexibilização das condições de utilização dos fundos», reflectiu.

Apontando as suas propostas de solução, o ex-comissário europeu acredita que os eurobonds são «uma ideia que não pode ser descartada com ligeireza», conforme lamenta que o primeiro-ministro tenha feito. «Não basta ir a Berlim e comprar os argumentos da senhora Merkel».

Vitorino, que sustenta que «compreender o projecto vantajoso dos eurobonds é defender o interesse nacional», «convidou» mesmo Passos Coelho a «ponderar» as palavras de Paulo Portas, que afirmou que as euro-obrigações são «uma ideia interessante».

PUB

Convidada a falar, Ana Gomes também admitiu que os eurobonds são um «instrumento essencial», defendendo a «harmonização fiscal» da União Europeia e a abertura ao «caminho federal». «Temos de ter um Portugal a falar na Europa. Não é ir para lá papaguear o que a senhora Merkel quer», acrescentou.

Já a eurodeputada Edite Estrela defendeu os socialistas do Parlamento Europeu, frisando que há uma «maioria de direita» na Comissão Europeia, no Conselho Europeu e no PE.

«Por muito que nós possamos berrar, gritar, reclamar e apresentar propostas, não temos os votos suficientes para que elas possam vingar», constatou.

«Jóias da coroa não devem ser vendidas ao preço da uva mijona»

Na sua intervenção inicial, Mário Soares optou por criticar a política de privatizações do Governo. «Não podemos aceitar que as nossas jóias da coroa sejam vendidas ao preço da uva mijona. Não podemos estar dispostos a isso. Temos de saber se aquilo que se paga é ou não compensatório», avisou.

O ex-Presidente da República lamentou ainda que a União Europeia, o Fundo Monetário Internacional e o Banco Central Europeu estejam a emprestar dinheiro a Portugal «a juros muito elevados».

PUB

Relacionados

Últimas