Associação de investidores diz que não há razão para BCP dar parecer negativo

A Associação de Investidores e Analistas Técnicos do Mercado de Capitais (ATM) considera que não existe razão para que a administração do BCP dê parecer negativo à proposta de fusão feita pelo BPI, dado o modelo de consolidação proposto.

«O sólido racional estratégico e económico da proposta de fusão entre as duas instituições já não é novo, pois era conhecido da oferta anterior do BCP sobre o BPI, muda apenas o figurino da operação», refere a ATM numa análise prévia à proposta conhecida na semana passada, avança a «Lusa».

A esta proposta, adianta a análise, «acresce ainda o mérito de conseguir um modelo de consolidação entre as duas instituições não hostil, como aliás foi desejo afirmado pelo próprio BCP, pelo que se esvazia qualquer razão para que o conselho de administração do BCP não tenha um parecer positivo sobre a mesma».

Na análise, a ATM refere que a fusão vai permitir à nova instituição que venha a ser criada ganhar «dimensão internacional, o que é francamente positivo» e que, apesar «de uma esperada perda de receita combinada na ordem dos três por cento e de perda de quota de mercado», a operação «deverá originar uma poupança de custos acima dos dois dígitos percentuais, com um aproveitamento de sinergias anuais na ordem dos 200 milhões de euros».

Apesar da «insuficiência de informação sobre os moldes em que se vai desenhar a operação de fusão», a ATM considera que, «aparentemente, o negócio parece justo para os accionistas de ambas as partes», defendendo contudo que «uma contrapartida em dinheiro ou mista resultará num forte incentivo aos accionistas para que aceitem essa eventual nova proposta».

Risco de integração

Para a associação de investidores, os accionistas do BCP «deveriam ter alternativa de uma contrapartida em dinheiro, revestindo a operação da forma de uma Oferta Pública de Aquisição (OPA), na medida em que uma fusão tem menos mecanismos de defesa e de protecção dos interesses minoritários que uma OPA».

Quanto ao futuro da nova instituição que venha a surgir, caso a fusão de concretize, a ATM mostra alguma preocupação face ao «risco de integração, face às dimensões das duas instituições no mercado nacional».

Recorde-se que o BPI anunciou quinta-feira passada que enviou ao Conselho de Administração Executivo do BCP uma proposta de fusão dos dois bancos, na qual oferece meia acção sua por cada acção do BCP.

Para ser concretizada, «operação a que se refere essa proposta pressupõe (¿) que seja formado um acordo entre os órgãos de administração dos dois Bancos quanto ao projecto de fusão e, posteriormente, que esse projecto seja aprovado pelas assembleias gerais de accionistas dos mesmos Bancos».

O BCP deverá responder à proposta de fusão do BPI na terça-feira.

As acções do BCP fecharam a valor 0,29% para os 3,43 euros, enquanto o BPI perdeu 2,77% para os 6,32 euros.