O fiscalista Saldanha Sanches considera que a proposta do primeiro-ministro, de reduzir as deduções fiscais para as pessoas com rendimentos mais altos, de forma a aliviar a classe média, terá um impacto pouco significativo e vai complicar ainda mais o actual regime.
Para o especialista, era preferível aumentar a taxa máxima de IRS, por exemplo, para os 45%, explicou em declarações à Agência Financeira.
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No fim-de-semana, o secretário-geral do PS e primeiro-ministro, José Sócrates, disse que «é preciso aliviar a carga fiscal da classe média fazendo com que aqueles que são mais ricos possam deduzir menos naqueles que são os seus contributos para o Estado».
Uma opção que, para Saldanha Sanches, não é a mais acertada. «Pelo que percebi, o projecto do primeiro-ministro é que passemos a ter deduções à colecta para as classes de rendimentos superiores e deduções sobre os rendimentos para as classes inferiores».
Ideia de Sócrates não é errada mas não é a mais acertada
O fiscalista acrescentou ainda que considera «preferível aumentar a taxa máxima de IRS (que actualmente está nos 42%) por exemplo, para 45%». Uma medida que seria «mais funcional que a outra, que só vem complicar mais o sistema, que já é complicado».
«A ideia do Governo não me parece errada, mas é mais complicada».
Impacto «muito reduzido»
Quanto ao impacto que esta redução das deduções para os mais ricos pode vir a ter em termos de alívio fiscal para a classe média, Saldanha Sanches está convencido que será «muito reduzido».
«Estamos a falar de pequenas quantias, quase simbólicas, semelhantes ao corte da taxa de IVA em 1%».
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