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Crise: portugueses já só abastecem combustível com trocos

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A crise está instalada e manifesta-se das mais variadas maneiras. Os sinais estão por todo o lado.

Mas, apesar de quase nada nem ninguém escapar, há áreas em que o impacto é mais acentuado. Os combustíveis são uma dessas áreas. À falta de dinheiro dos consumidores juntaram-se as incontáveis subidas de preços e de impostos, e os preços mais baixos praticados em Espanha, numa combinação que está já a mostrar-se fatal para muitos pequenos empresários que têm ou exploram gasolineiras.

Neste sector, os sinais da crise são mais que muitos: desde abastecimentos de dois ou três euros, que são cada vez mais frequentes, a abastecimentos seguidos de fuga sem pagar e até a descida de vendas, encerramento de postos e despedimentos sucessivos, tudo mostra que o negócio vai cada vez pior.

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Longe vão os tempos em que os portugueses atestavam o depósito dos carros de cada vez que iam a uma gasolineira. O valor médio dos abastecimentos caiu drasticamente nos últimos três ou quatro anos, como explicou o presidente da associação do sector, Augusto Cymbron, à «Agência Financeira».

A descida dos montantes gastos nos abastecimentos torna-se uma dor de cabeça para as gasolineiras quando o modo de pagamento escolhido é o Multibanco. É que, por cada pagamento, os postos de abastecimento pagam uma taxa à UNICRE, que ronda os 15 cêntimos, o que faz emagrecer ainda mais as suas margens de lucro.

«Em média, os portugueses gastam uns 10 euros por abastecimento. Poucos atestam. E há cada vez mais casos de pessoas que vêm abastecer com dois ou três euros, porque não têm dinheiro para mais», diz o presidente da Associação Nacional de Revendedores de Combustíveis (Anarec), adiantando que este tipo de comportamento é ainda mais frequente à noite e perto do final do mês.

«As pessoas já não têm dinheiro, abastecem apenas o suficiente para fazerem as viagens que são mesmo indispensáveis e depois deixam de usar carro o resto do mês, até voltarem a receber o salário e voltarem a ter dinheiro», acrescenta o responsável.

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Milhares fogem sem pagar

É quando não há dinheiro, mas há vícios, que as coisas se complicam. Muitos portugueses em vez de deixarem de usar o carro por falta de dinheiro, optaram por uma «solução alternativa».

«São cada vez mais os casos de pessoas que vão abastecer e depois, em vez de irem pagar, fogem com os carros», diz o presidente da Anarec.

Segundo o mesmo, as gasolineiras perdem em média 440 mil euros por mês com este novo «hábito». Cada bomba perde, em média, 200 euros por mês. «Algum deste dinheiro é recuperado, quando os postos têm sistemas de vigilância, que permitem identificar os carros. Mas muitas destas pessoas até têm matrículas falsas. Ninguém imagina o trabalho a que estes indivíduos se dão para escaparem sem pagar um depósito de combustível!», desabafa.

Por isso mesmo, a associação pede penas mais pesadas para este tipo de comportamento e propõe que os infractores, quando apanhados, sejam condenados a pagar indemnizações. A Anarec não quer ficar com o dinheiro, mas apenas desmotivar este tipo de comportamento. Por isso, sugere que o dinheiro reverta para instituições de caridade ou solidariedade social.

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