Os riscos são elevados: isto pode deitar a perder anos de contenção.
Num debate sobre o Orçamento do Estado para 2008, promovido pelo Fórum para a Competitividade, vários economistas defenderam que o Governo abrandou o esforço de consolidação antes de a reforma da Administração Pública ter sido concretizada e surtido qualquer efeito.
PUB
«Mas isto é que é perigoso. Aumentar os funcionários públicos e descongelar a progressão nas carreiras, voltar a aumentar o investimento público, depois dos últimos anos de repressão, são coisas que são necessárias, mas como não se fez a reforma do Estado, não se melhoraram as coisas, pode tudo voltar para trás, a probabilidade de se anular o que se fez é muito elevada». O alerta parte do economista João César das Neves.
«Há um risco de nós, depois de uma data de tempo em que pedimos aos portugueses que apertassem o cinto e tentámos conter a despesa, venhamos a encontrar-nos outra vez numa situação de desequilíbrio», disse.
O professor da Universidade Católica lembrou que a situação é recorrente. «Já com Durão Barroso isso aconteceu: falou-se nisso e depois, a seguir, ficou pior. E agora pode acontecer o mesmo, pode-se ficar numa situação pior do que se estava antes, e entrarmos numa situação de défice crónico, como já se viu em Itália, na Grécia... seria péssimo se Portugal entrasse por esse caminho», concluiu.
Já o economista Nogueira Leite, considera que «o Governo está de parabéns no trabalho que tem feito na contenção da despesa, mas não neste último Orçamento. A despesa pública corrente primária quase duplica. A contenção da despesa acabou», concluiu.
PUB