O criminalista Barra da Costa defendeu hoje, em Coimbra, que o Estado devia procurar soluções para tratar a conduta dos reclusos de crimes sexuais, prevenindo futuras reincidências quando estes saírem da prisão, noticia a Lusa.
«Devia-se aproveitar a cadeia para ensaiar medidas que tratem a conduta dos detidos» disse à agência Lusa o antigo inspector-chefe da Polícia Judiciária, que participou esta manhã no III Simposium de Crimes Sexuais, promovido pela Associação Central de Psicologia.
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Barra da Costa considera que «não sendo tratado o problema sexual dos detidos, eles saem das prisões com o mesmo problema», adiantando que existe em Portugal «uma reincidência alta nos crimes sexuais».
«As cadeias foram concebidas para fazer as pessoas melhores. Por isso, devia-se pensar no tratamento da conduta das pessoas, não só no foro da sexualidade», afirmou o criminologista. «Se não se faz nada, o período de reclusão só serve para retirar o indivíduo de circulação durante algum tempo», acrescentou.
Intervindo no painel «Os crimes sexuais na perspectiva do criminalista», Barra da Costa efectuou o perfil dos agressores sexuais, com base numa amostra de cerca de 70 reclusos que se encontram a cumprir pena transitada em julgado.
Segundo Barra da Costa, os agressores sexuais têm uma média de 35 anos de idade, são na sua maioria solteiros, e justificam os seus actos com disfunções e privação de actos sexuais. A grande maioria das vítimas são mulheres (90 por cento), com uma média de idade a rondar os 15 anos.
A maioria dos crimes sexuais ocorre nas regiões da grande Lisboa e grande Porto, durante a madrugada, em casa dos agressores ou das vítimas. No caso do crime de violação, cerca de 50 por cento dos casos ocorrem na rua, com violência grave, maioritariamente em Lisboa e nas restantes regiões do sul.Os autores são, em média, homens com cerca de 25 anos, casados ou solteiros, e as vítimas mulheres na casa dos 20 anos.
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