A cirurgia bariátrica é cada vez mais apontada por especialistas como a solução para a obesidade extrema nos adolescentes portugueses, que chegam a submeter-se a esta intervenção com apenas 13 anos e mais de cem quilos.
De acordo com a Lusa, durante um congresso nacional sobre cirurgia de obesidade, a decorrer em Lisboa, pediatras e cirurgiões debateram o problema do excesso de peso na infância e adolescência, revelando que a prevalência da obesidade extrema em Portugal é cada vez maior, colocando o país na linha da frente europeia e mundial.
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«Não só está a aumentar a obesidade entre os adolescentes, como estão a aumentar os casos graves», afirmou Helena Mansilha, pediatra do Centro Hospitalar do Porto, acrescentando que a incidência de obesidade extrema é de 13 por cento.
Segundo a especialista, a cirurgia bariátrica (cirurgia para a obesidade) «é o melhor tratamento actual para os casos de obesidade na adolescência», uma vez que tem poucos riscos e muitas vantagens associadas.
Um dos principais problemas que estes jovens enfrentam é a baixíssima taxa de sucesso da terapêutica que alia dieta a exercício físico, sublinhou Helena Mansilha.
De acordo com um especialista em obesidade do Hospital de São José, Rui Ribeiro, a terapêutica convencional (dieta e exercício) tem uma taxa de desistência superior a 90 por cento, baixa adesão por parte dos adolescentes e uma baixa taxa de sucesso.
Esta falta de resultados foi o que levou o Centro Hospitalar do Porto a integrar a cirurgia infantil no seu serviço, explicou o cirurgião pediátrico Carlos Enes.
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Desde 2001, aquele hospital já operou 16 adolescentes entre os 13 e os 17 anos, com pesos entre os 105 e os 177 quilos e um índice de massa corporal médio de 46,6 (o normal situa-se entre os 18,5 e os 25).
A mesma experiência já é aplicada no Centro Hospitalar de Lisboa Central desde 2003.
O coordenador da Unidade de Tratamento Cirúrgico da Obesidade, Rui Ribeiro, revelou que até 2011 foram submetidos a cirurgia bariátrica naquele hospital 31 adolescentes entre os 14 e os 20 anos, com um peso médio de 142,5 quilos.
Destes casos tratados, 60 por cento eram raparigas e 40 por cento eram rapazes.
Entre as razões que levam os especialistas a optar cada vez mais por esta terapêutica nos jovens, contam-se, não só a elevada taxa de sucesso (perda de peso foi de pelo menos 20 quilos), mas o facto de ser uma técnica segura, que diminui os riscos para a saúde ¿ como diabetes, aterosclerose ou acidentes cardiovasculares -, e a taxa de mortalidade precoce na idade adulta.
Helena Mansilha explica as razões do aumento exponencial de obesidade.
«Os adolescentes vivem cada vez mais em ambientes obesigénicos: comem porções cada vez maiores, é-lhes incutida a suposta necessidade de estarem sempre a comer e seguem comportamentos alimentares errados [alimentos de baixo valor nutritivo e elevado teor calórico]», que lhes são inculcados pelos contextos social, familiar e cultural.
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