Enquanto forra de prata os punhos do «Zé Povinho» a ser prensado pelo ministro das Finanças, uma mais antigas colaboradoras no Carnaval de Loulé vai confessando que os preparativos requerem «muita paciência».
Para colorir e dar forma aos carros alegóricos e bonecos que farão as delícias dos foliões são precisos milhares de recortes de papel de prata e de flores de papel, cuidadosamente elaboradas para o efeito.
PUB
A oito dias do arranque do maior Carnaval a Sul do Tejo e dos mais antigos do País, uma equipa de mais de cem pessoas trabalha afincadamente para garantir que nada falhe quando a festa sair à rua, no próximo domingo.
Diana Chaves e Marisa Cruz rainhas no Algarve
Carnaval do rio homenageia D. João VI
Quem assiste ao desfile nem sempre faz ideia do trabalho de bastidores. Os carros e figuras começaram a ser delineados em Novembro e já passaram algumas semanas desde que a equipa começou a erguer aquilo que será o Carnaval de Loulé.
Entre costureiras, carpinteiros, marceneiros e artistas plásticos, quase todos naturais da terra, cada um dá o seu contributo para que a folia carnavalesca mais conhecida do Algarve não defraude as expectativas dos visitantes.
Este ano sob o tema «Do Mundo para Loulé» e com um total de 17 carros alegóricos, o centenário Carnaval de Loulé vai subsistindo à custa da «carolice» de alguns e do empenho dos louletanos, que todos os anos dão uma «perninha» nos preparativos.
PUB
É o caso de Cláudia Gonçalves, que desde há 20 anos coloca a arte das suas mãos ao dispor do Carnaval. Especialista no trabalho feito em prata, vai dizendo que é preciso «paciência» e «gostar muito» daquele trabalho.
Apesar da habitual sátira social não estar tão presente como em anos anteriores, lá se vai vendo Cavaco Silva sentado num trono real a preparar-se para dar um puxão de orelhas a Sócrates e Teixeira dos Santos.
O ministro das Finanças é das figuras com maior destaque nos carros alegóricos que vão percorrer durante três dias a principal avenida de Loulé, naquele que é o maior corso a Sul do Tejo.
Mas a grande aposta deste ano é mesmo mostrar a cultura de vários países do mundo, com carros alusivos à China, Brasil, Índia, Egipto e países africanos, numa explosão de cor que pretende cativar miúdos e graúdos.
A Amazónia e a tribo índia Xingu, uma divindade da religião Hindu, a pirâmide de Gizé e os faraós e um dragão chinês gigante são algumas das imagens retratadas nos carros alegóricos que estão a ser ultimados em Loulé.
PUB
A organização do Carnaval de Loulé espera este ano atingir a cifra dos 100 mil visitantes, embora tudo esteja dependente das condições meteorológicas, disse à Lusa o mentor dos festejos, Júlio Guerreiro.
A projectar o evento desde há 34 anos, Júlio Guerreiro diz não se lembrar de nenhum ano em que a festividade se realizasse tão cedo, o que trouxe algumas complicações a nível logístico. «Ainda o Natal não tinha acabado, tivemos logo que começar a fazer os preparativos para o Carnaval», desabafa Júlio Guerreiro, que diz que esta simultaneidade de festas causou algum «embaraço» nos trabalhos.
Mas os foliões que descansem, pois a festa em Loulé - cujos principais atractivos serão a actriz Diana Chaves e José Cid -, está garantida e, parece, é para durar outros cem anos.
PUB