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Sida: bastou uma relação sexual sem protecção

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Médica do Hospital Amadora-Sintra reconhece que unidade trabalha numa zona «muito especial» pela sua população

Uma única relação sexual desprotegida foi suficiente para «Bernardo» ficar seropositivo. O jovem é seguido no Hospital Amadora-Sintra, onde decorre uma acção de sensibilização para pessoas como Amélia que acredita que o vírus é transmitido pelos beijos ou transpiração, escreve a Lusa.

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Quatro a cinco novas infecções é o registo diário na unidade de doenças infecciosas do hospital, mas a médica Teresa Branco sublinha que estes são apenas os casos diagnosticados e muitas vezes quando a doença já se revelou.

Hospital está numa zona «muito especial»

A médica explica à Agência Lusa que o hospital está numa zona «muito especial» pela população que serve e garante que a grande aposta tem de ser feita no diagnóstico precoce e na luta contra a discriminação.

A directora do serviço de Infecciologia do hospital, Célia Carvalho, disse terça-feira que, apesar dos números terem estabilizado, surgem diariamente novos casos, principalmente de mulheres, muitas das quais grávidas oriundas da Guiné-Bissau.

«Bernardos» de todas as idades estão a ser infectados, mesmo na faixa etária dos 60 anos, quando ainda se pensa que a Sida é doença de toxicodependentes e de homossexuais.

Ainda é uma vergonha ter esta doença

«Essas pessoas têm choques tremendos. Ainda é uma vergonha ter esta doença e encaram-na como um castigo e qualquer coisa de nojento», disse.

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Junto à banca de distribuição de folhetos e preservativos do hospital, Amélia diz já ter lido a informação e que a vai dar a um dos netos. O preservativo é que não o entrega, porque o neto «não precisa e tem uma boa mãe».

Amélia indica que no «livro de medicina» que tem para «estudar» aprendeu que a transmissão do vírus acontece através «de tudo: relações, um beijo, um aperto de mão, transpiração».

De imediato, uma das enfermeiras explicou-lhe que, afinal, as formas de transmissão são outras: sangue, relações sexuais e de mãe para filho, através da gravidez e amamentação.

Estava a perder muito peso

«Parece que foi o suficiente», diz, por seu lado, «Bernardo» sobre a relação sexual desprotegida que o terá infectado com o VIH/Sida há pelo menos dois anos. A notícia foi recebida depois de fazer exames médicos, porque estava a perder muito peso.

Foram necessárias três consultas para a médica assistente lhe revelar o diagnóstico, o que «até é compreensível». Mas o jovem percebeu que algo estava errado quando recebeu uma chamada para dar mais sangue no laboratório de análises e não encontrou os resultados do relatório que lhe entregaram.

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Contar à família foi a coisa «mais fácil do mundo», mas a infecção é, porém, escondida na vida íntima e profissional.

«Com amigos e família não há barreiras, só há um pouco nos relacionamentos amorosos e, por isso, não os tenho. Mas continuo a ter a minha vida sexual, com vários cuidados, sem dizer à pessoa em questão, porque infelizmente não nos podemos abrir com todas as pessoas», lamenta à Lusa.

Não contou no trabalho

Para não lhe ser atribuída uma casa-de-banho própria, por crença que o vírus é transmitido pela urina, ou ser despedido como aconteceu a um seu conhecido, «Bernardo» continua a ser a «pessoa normal» no emprego, sem revelar a sua infecção.

«Não é por se estar infectado que não se tem de proteger, mas é continuar a vida, acabamos por ser pessoas saudáveis, como outra qualquer, temos é cuidados extra», resume.

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