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Crimes que marcam

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Parecem menores, porque não envolvem violência física, mas não deixam de causar vítimas. APAV dá apoio psicológico e jurídico a quem foi discriminado ou ainda a quem foi vítima de roubo. Leia casos de quem sofreu o crime na pele

Foi ao banco para depositar um cheque. No Bilhete de Identidade está escrito - no local da assinatura - que não sabe ler nem escrever. Mas o bancário insistiu que Sónia, nome fictício desta portuguesa de etnia cigana, assinasse o talão de depósito do cheque. Era o seu balcão, no qual tem conta e onde até já tinha depositado cheques. Insistiu que era analfabeta, mas o bancário não permitiu que Sónia assinalasse com a marca do dedo a garantia de que depositava aquele valor.

Sentiu-se discriminada, mal tratada, e foi atendida na APAV, pela Unidade de Apoio à Vítima Imigrante e Discriminação Racial ou Étnica. No dia seguinte, após ter voltado a casa sem depositar o cheque, foi com o filho a outra agência do mesmo banco. «Sem problemas, conseguiu fazer o depósito», conta a técnica da associação ao PortugalDiário.

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Recebeu apoio psicológico, de curta duração. «Sentiu-se menosprezada, mas não quis apresentar queixa, apesar de lhe ter sido prestado apoio jurídico, e de lhe ter sido explicado como poderia levar o caso à Justiça», explica uma técnica da APAV. Sónia, que sentiu que os outros clientes do banco que esperavam na fila também a discriminavam por ser cigana, não apresentou queixa do banco e acabou por se resignar. «Mas ainda hoje demonstra alguma recusa em ir sozinha ao banco».

Parece que não é um crime «muito grave, porque não há violência física», diz ao PortugalDiário uma profissional desta associação. Mas «não deixa de ser crime e de causar vítimas», garante a mesma fonte no Dia Europeu da Vítima do Crime .

Viver com o roubo na sua própria casa

Tem 80 anos e vive sozinha. Precisava de uma empregada que tratasse da casa, da roupa, comida e limpeza e ainda lhe fizesse companhia. Encontrou a empregada ideal através de uma amiga. Uma pessoa de confiança, que faz bem o serviço. Parece «ouro sobre azul». Até ao dia em que alguns objectos foram desaparecendo lá de casa.

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Amélia, o nome que o PortugalDiário encontrou para esta senhora, chegou à APAV pelo seu próprio pé e pediu ajuda. Mas não apoio jurídico: deixou bem claro desde o início que não queria apresentar queixa. Da associação, vieram alguns conselhos sobre os trâmites legais que Amélia poderia seguir. «Não estava interessada», explica uma fonte da APAV. «Queria antes ser acompanhada neste processo. Recebeu apoio psicológico, porque se sentiu traída na sua confiança por uma pessoa próxima. Mas não a queria sequer despedir. É difícil encontrar alguém que faça bem o trabalho doméstico, e, afinal, era já uma amiga lá de casa».

O que Amélia levou da APAV, além do apoio psíquico para lidar com a situação, foram conselhos para se proteger de eventuais furtos. «A empregada era uma pessoa com dificuldades financeiras, e a senhora não a queria despedir». Acabou por «saber lidar com a situação» e conviver com a empregada, mas com precauções.

O que Amélia queria, além de obter algumas informações, era o apoio psico-emocional, que a APAV pode prestar às vítimas de crimes. Nem todos são de faca e alguidar, mas nem por isso são menos marcantes, diz o gabinete de assistência técnica ao PortugalDiário. «Pode não haver violência, mas deixam sequelas e traumas se não forem devidamente acompanhados».

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