O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. Jorge Ortiga, espera que «multidões» acolham Bento XVI, embora admita um cenário de menor mobilização popular do que a gerada pelas visitas de João Paulo II.
«É provável que isso venha a acontecer», declarou. «Não receio não ter gente, e gente em termos de multidão, em Lisboa, Fátima e Porto. Tenho a certeza de que povo português irá aderir», frisou o prelado.
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D. Jorge Ortiga espera que a visita do Papa incentive a Igreja Católica nacional a trocar uma pastoral «de rotinas» por melhores respostas aos «desafios dos tempos que correm».
«Para mim, a importância [da visita papal] está em dar força nova, entusiasmo, convicção e motivação à Igreja portuguesa para respostas mais adequadas aos desafios dos tempos que correm», afirmou o também arcebispo de Braga, em entrevista à agência Lusa.
Do ponto de vista de D. Jorge Ortiga, a «mudança cultural» que se tem operado na sociedade portuguesa exige que a estrutura da Igreja procure adaptar-se às novas realidades, abandonando uma «pastoral de rotinas».
Os encontros que a Igreja portuguesa quis que Bento XVI agendasse com figuras da cultura (a 12 de Maio, em Lisboa) e com os agentes da pastoral social (no dia seguinte, em Fátima) são já sinais dessa mudança.
Do Papa alemão, D. Jorge Ortiga espera igualmente mensagens que revigorem a fé dos cristãos portugueses, para que ela «não se torne algo de herança, mas uma convicção».
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D. Jorge Ortiga destacou que a visita papal a Portugal ocorre numa altura de crise «muito profunda», que «não é apenas económico-financeira», mas também «de dimensão moral e ética».
Neste contexto, o presidente da CEP sublinhou que a crise actual «deve ser aproveitada como uma oportunidade de renascer», fazendo regressar a sociedade «à dimensão dos valores».
Bento XVI chega a Portugal dois anos depois de ter sido aprovada a interrupção voluntária da gravidez, numa ocasião em que se discute o «testamento vital» e durante o processo de aprovação do casamento entre pessoas do mesmo sexo, mas o arcebispo de Braga não antecipou se o Santo Padre dirá sobre estes «temas fracturantes».
«Não sei se o irá fazer», mas, se isso acontecer, não irá apontar o dedo «contra ninguém», garantiu o arcebispo, frisando que a postura de Joseph Ratzinger face a questões fracturantes é a de dar uma resposta «mais [ao jeito] de proposta e menos de condenação».
O arcebispo de Braga revelou ainda que tentou a incluir a cidade no roteiro de Bento XVI em Portugal, mas a opção a norte do país resumiu-se ao Porto.
«Fiz uma diligência, mas não insisti demasiado», afirmou o responsável por uma das maiores dioceses portuguesa.
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