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Café aceita fumadores e ganha clientes

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Tem 104 anos e é um sucesso na zona comercial de Faro

O centenário Café Aliança, o único espaço de restauração e bebidas da Baixa de Faro que admite fumadores, ganhou clientes com a entrada em vigor da nova lei, há cerca de um mês, admitiu hoje o proprietário do estabelecimento.

Bares com área de fumadores demasiado grande

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«Nas primeiras três semanas, ganhámos mais 20 a 30 por cento de clientes, embora o aumento não tenha sido tão grande na última semana», quantificou Manuel Lopes, 57 anos, que dirige desde o ano 2000 o café fundado há 104 anos.

Ao contrário de todos os outros restaurantes e cafés da zona comercial da capital algarvia, o Aliança optou por manter uma sala em que se podia fumar e proibir totalmente o fumo ao balcão e numa outra sala, interior.

Antes da entrada em vigor da nova lei, a 1 de Janeiro, o café - instalado num edifício classificado e que mantém a traça original - tinha espaços para fumadores e não fumadores em ambas as suas salas.

No geral, admite o proprietário, manteve-se o número de lugares adstritos a cada uma das categorias de clientes, com 56 cadeiras para não fumadores e 64 para clientes fumadores.

Apesar disso, garante, o espaço total em que não se pode fumar não é inferior a 70 por cento, em conformidade com a lei, já que abrange o balcão e uma zona aberta, sem mesas.

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Para permitir o fumo, a sala de entrada do café - em que também se servem refeições ligeiras - tem instalado há quatro anos um sistema de extracção de ar com motor, que substituiu o antigo.

Manuel Lopes ainda duvida do que fará dentro de aproximadamente um ano, quando sair a regulamentação da lei, que quantificará os volumes de ar a extrair, bem como, eventualmente, outras exigências.

«Se me exigirem a divisão entre zona de fumadores e de não fumadores, não a posso fazer, porque a Câmara [Municipal de Faro] não autoriza», lamenta Manuel Lopes, que contudo não coloca de parte, em absoluto, a hipótese de substituir os extractores por outros mais potentes, se a tal for obrigado.

Adversário inicial da solução «mista» escolhida pelo patrão, o gerente da casa, José Lagoas, 46 anos, admite agora que se está a dar bem com a divisão por salas. «Temos mais clientes, mas a entrada em vigor da lei coincidiu com a minha entrada como gerente, e algumas mudanças que fiz, pelo que não sei exactamente que quantidade desse crescimento de vendas se deve a essas mudanças ou à existência de uma sala para fumadores», ressalva.

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Genericamente, a introdução da «sala para fumadores» foi bem acolhida pelos clientes, mas às vezes alguns deles perguntam pelo autocolante de fumadores, ou «reparam que estão na sala de fumadores já depois de terem começado a consumir», conta José Lagoas.

O incidente mais grave deu-se com um cliente não habitual que estava ao balcão à espera de alguns bolos regionais para levar para Lisboa e «começou a discutir com o empregado, a dizer que ali não se podia fumar». Segundo o gerente, o cliente não se deu por convencido, mas - do mal o menos - lá acabou por levar os bolos de amêndoa para a capital.

A abertura a fumadores do mais velho café em actividade do Algarve - e um dos mais antigos do País, a par do Majestic no Porto, Santa Cruz em Coimbra e a Brasileira, em Lisboa» - também se faz reflectir nas vendas de tabaco do quiosque interior, que aumentaram 20 a 30 por cento, de acordo com gerente e patrão.

Na capital algarvia, vários outros estabelecimentos optaram pela solução "mista", a maioria dos quais em bairros residenciais, mas o Aliança é o único com essas características na baixa da cidade.

A 11 de Novembro passado, a Autoridade para a Segurança Alimentar e Económica (ASAE) suspendeu a actividade do Aliança, alegando falta de condições para confecção de alimentos, mas o café fez obras e reabriu poucos dias depois.

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