Já fez LIKE no TVI Notícias?

Colo do útero: vacina e rastreio organizado

Relacionados

São a chave para prevenção, defendem especialistas

Maria de Jesus descobriu que tinha cancro no colo do útero há cinco anos numa consulta de rotina, mas apenas em Janeiro saberá se venceu a luta contra uma doença que pode ser prevenida por vacina e programas de rastreios, escreve a Lusa.

A detecção precoce do cancro de Maria de Jesus levou a um prognóstico favorável e serve de exemplo para a posição hoje defendida, em Lisboa, pelo director geral da Associação Europeia do Cancro do Colo do Útero (ECCA), Philip Davies.

PUB

«É escandaloso que não haja programas de rastreio organizados na maioria dos países europeus. Habitualmente só as mulheres mais esclarecidas ou educadas e que habitualmente vão ao seu médico fazem esses rastreios. Em toda a Europa apenas sete países têm um programa sistematizado. Há assim mulheres que podem ser sobre-examinadas e outras sub-examinadas», referiu.

As boas praticas do Reino Unido, Noruega, Suécia, Holanda, Eslovénia e algumas regiões de Itália devem assim ser exemplo para outros países, uma vez que permite aos governos pouparem dinheiro e protegerem a saúde da mulher.

Dando o seu testemunho como doente à agência Lusa, Maria de Jesus, de 47 anos, caracterizou a detecção do seu caso como uma «roleta russa».

«Não tinha ninguém com este tipo de cancro na família. Como estava numa fase precoce não tinha qualquer sintoma (como perdas de sangue) e até fui à consulta devido a um caroço no peito. Nessa altura, a médica sugeriu a realização de uma citologia por mera rotina e pouco tempo depois telefonou-me para me observar com urgência e dizer que algo não estava bem», recordou.

PUB

Depois de recorrer a outras opções de tratamento, a decisão final acabou por ser uma intervenção cirúrgica, cerca de mês e meio depois do diagnóstico. Mas só na próxima consulta, em Janeiro, saberá se pode dar por concluída a sua luta.

O seu caso foi comentado no círculo de amigos e conhecidos, mas não serviu de alerta às mulheres.

«Durante dois ou três dias as pessoas manifestaram a sua surpresa pela situação e comentavam que também precisavam de fazer os exames. Depois esqueceram-se», lamentou Maria de Jesus, recordando o sentimento generalizado que atinge os homens: «uma desconfiança que não desaparece».

«Agora sabe-se que nem sempre o vírus se transmite por via sexual. Mas um homem parece pensar sempre que a mulher pode ter estado com outra pessoa e assim ter ficado infectada», assinalou.

Maria de Jesus manteve sempre uma atitude positiva em público quanto à doença, uma vez que quem rodeia os doentes também acaba por sofrer.

«Quando fui operada dizia sempre às outras mulheres que estavam comigo no hospital que tudo ia correr bem e sei que quando nos vamos abaixo, os outros também vão. Mas sozinha às vezes a atitude era outra. Encontrei sempre força para vencer, tive sorte de o cancro ser detectado cedo e a médica deu-me toda a confiança e apoio psicológico», contou.

PUB

A nível institucional, o responsável da ECCA insistiu hoje na necessidade de rastreios, mas não deixou de saudar a decisão do Governo português de introduzir no Plano Nacional de Vacinação (PNV) da vacina contra o Papiloma Vírus Humano (HPV) a partir do próximo ano.

Questionado sobre a idade ideal para a administração da vacina, Philip Davies sublinhou que o mais eficaz é utiliza-la antes do início da vida sexual.

A mesma opinião foi defendida à Lusa pelo presidente da Sociedade Portuguesa de Papiloma Vírus Humano, Rui Medeiros, sublinhando que essa faixa etária é definida em cada país, conforme os seus indicadores e até segundo a existência, ou não, de educação sexual.

PUB

Relacionados

Últimas