O cardiologista português João de Sousa admitiu esta quinta-feira que piratas informáticos possam interferir no funcionamento de pacemakers e desfibrilhadores cardíacos implantados quando estes forem programáveis à distância, noticia a Lusa.
«A telemetria (técnica de comunicação) permite actualmente medir os parâmetros e verificar o funcionamento dos aparelhos, mas ainda não permite programá-los. Essa função, que deverá ser possível no futuro, é que poderá ser interceptada e as empresas terão de criar mecanismos de segurança», comentou o médico do Hospital de Santa Maria (Lisboa).
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Segundo o especialista português, os aparelhos disponíveis transmitem os dados através de uma linha telefónica para a central da empresa que os comercializa, que depois os distribui para unidades de Saúde ou para o computador pessoal dos médicos.
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Um estudo da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, indica que os pacemakers e desfibrilhadores cardíacos implantados, equipados com tecnologias sem fios, são vulneráveis à pirataria informática, tendo consequências potencialmente fatais.
Estas tecnologias permitem aos cardiologistas controlar à distância o bom funcionamento dos implantes e ajustá-los, evitando assim visitas frequentes ao médico ou operações cirúrgicas.
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Os investigadores demonstraram que os piratas informáticos podem, com a tecnologia sem fios, reprogramar à distância os implantes, sem o conhecimento do doente.
Foi também demonstrado que é possível obter informações médicas confidenciais sobre os portadores de pacemakers e desfibrilhadores.
«Esperamos que a nossa pesquisa sirva de aviso aos fabricantes destas próteses», afirmou Kadayoshi Kohno, professor de ciências informáticas e de engenharia, um dos principais autores desta pesquisa.
«O nosso objectivo é assegurar que estes equipamentos sejam seguros, eficazes e protegidos de interferências exteriores», acrescentou.
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