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Casa Pia: MP desmonta álibis de arguidos

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Para o procurador não há dúvida que houve abusos em Elvas

Artigo actualizado às 14h16

Ao quinto dia o procurador do Ministério Público (MP), João Aibéo, entrou num dos últimos capítulos das suas alegações finais. Para o fim, ficou Elvas e os abusos ocorridos nesta cidade alentejana que, segundo o MP, ficaram «provados» em tribunal.

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João Aibéo tentou durante toda a manhã, desta quarta-feira, desmontar os álibis que os arguidos «elaboaram para o período de tempo» descrito na acusação, relativo a Elvas. Mas, alertou, «há coisas em Elvas descuradas pelas defesas» como, por exemplo, «as manhãs» dos dias em que ocorreram os alegados abusos.

A documentação trazida a tribunal apenas justificará, se o fizer, os períodos das tardes na maioria dos dias, segundo o MP. E lembra declarações de «Bibi» referindo várias viagens matinais à cidade alentejana.

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Uma das primeiras questões que colocou a si próprio, explicou João Aibéo, foi «porquê Elvas?». «Porque é que estes miúdos - e gosto de lhes chamar miúdos porque o eram - se lembraram deste nome? Foi um sorteio?», pergunta o procurador. Em seguida garante: «A escolha de Elvas não é uma escolha das testemunhas, a escolha de Elvas é uma escolha dos arguidos».

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O procurador considerou ainda que, no decorrer do julgamento, foi levantada a possibilidade de «existir uma segunda casa em Elvas», mas questiona os arguidos se isso quer dizer que «sim, estiveram em Elvas, mas foi noutra casa?». Ou «que o sitio era outro e os abusadores eram outros?». «Foi a casa de Getrudes Nunes que os miúdos identificaram» e da qual fizeram «croquis toscos, mas próximos da realidade», conclui.

Os carros os cartões e os telemóveis

Apesar de toda a documentação trazida a tribunal pelos arguidos, e de vários testemunhos de família e amigos, para provaram o seu paradeiro nas datas dos alegados crimes, João Aibéo coloca reservas.

«Carlos Cruz tinha vários carros e a mulher também, que eram conduzidos por outras pessoas». Manuel Abrantes igualmente. «De que servem aqui as vias verdes?». Os cartões de multibanco também se «provou» que eram usados por outras pessoas para pagamentos. E os telemóveis? «Nada mais fácil que comprar cartões pré-pagos que não identificam o utilizador».

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Assim, as antenas não davam a sua localização e também «não é possível encontrar chamadas entre arguidos». «Alguém acha que iriam usar os seus telemóveis pessoais?», questiona o procurador.

A dada altura, o MP dirigi-se quase directamente a Carlos Cruz e refere a alta velocidade «a que conduzia». «Posso fazer a média, se quiser, com os registos que tenho» e dá, como exemplo, que «de Carcavelos ao Algarve» o apresentador «não demorava duas horas». Ou seja, «ir e vir de Elvas seria uma coisa muitíssimo rápida».

Bibi entrava e saia da Casa Pia quando queria

Para o MP ficou claro em sede de julgamento que «Silvino entrava e saia da Casa Pia quando queria, com ou sem miúdos e não dava explicações» a ninguém.

João Aibéo também dúvida que Manuel Abrantes não soubesse o que se passava na Casa Pia. Vários processos disciplinares, «instruídos por Abrantes, já referiam actos sexuais de Silvino com alunos», recorda o MP.

Mas há outro facto. «Até hoje não vi a defesa de Manuel Abrantes mostrar-se indignada com a situação dos abusos», afirma João Aibéo. «A forma como por omissão não hostiliza Silvino é muito significante», defende. Com certeza conclui: «O arguido Manuel Abrantes tem medo de Silvino porque sabe que ele sabe muito mais sobre si do que contou em tribunal».

A sessão foi interrompida para almoço e vai prosseguir durante a tarde.

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