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A23: centenas nos funerais

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Emoção no adeus às primeiras vítimas da tragédia em Castelo Branco

Artigo actualizado às 22h01

Centenas de pessoas compareceram esta terça-feira na igreja de Cebolais de Cima, Castelo Branco, para o funeral de Maria Gonçalves, umas das vítimas do acidente na A-23.

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«Estava a poucos dias de fazer 60 anos», recorda José Pais, primo da falecida e um dos poucos familiares residentes em Cebolais de Cima disponíveis para falar, por entre a comoção generalizada que tomou conta da população, à medida que se aproximava o carro funerário.

«Desde a noite de segunda-feira que toda a gente anda na rua, mal se soube do acidente», refere, descrevendo um alvoroço pouco comum na pacata freguesia 10 quilómetros a sul da cidade de Castelo Branco.

«Foi um desastre e um pandemónio quando se soube que era uma viagem da Academia Sénior», acrescenta.

A morte de Maria Gonçalves foi «muito sentida aqui na terra». «Quando ela acordava, já estava a pensar em ajudar alguém», recorda José Pais.

Segundo o primo, Maria Gonçalves viveu em Lisboa, onde trabalhou para uma companhia de seguros, mas regressou à terra natal há cerca de 10 anos e não teve dificuldades em criar novas amizades.

As actividades da Academia Sénior de Castelo Branco, que a levaram na viagem fatal, eram apenas uma das ocupações de Maria Gonçalves. «Ainda até há pouco tempo ajudava dois vizinhos que estavam doentes», acrescenta o familiar.

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Durante a missa do funeral, o pároco local lamentou a perda de alguém «que estava sempre presente na vida deste povo».

Uma cerimónia carregada de emoção em que o primeiro-ministro e o Presidente da República se fizeram representar pelo presidente da Câmara de Castelo Branco e pela governadora civil.

«Perdi dez alunos»

Um jornalista de Castelo Branco, professor na universidade sénior da cidade, perdeu dez alunos no acidente de segunda-feira na A23, os quais, diz, tinham capacidade para trabalhar no terreno como verdadeiros jornalistas.

«Perdi dez alunos que andavam lá há três anos. Alguns podiam andar no terreno a trabalhar, tinham conhecimentos para isso apesar da idade» disse Luís Paixão, da Rádio Beira Interior, responsável pela disciplina de jornalismo da Universidade Sénior Albicastrense (USALBI).

Luís Paixão tinha 90 alunos, a quem ensinava a construção de notícias mas também noções de fotografia, pontuadas por alguns segredos da profissão que exerce há quase 25 anos.

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«Eram amigos do saber e queriam saber sempre mais» frisou, lembrando que o grupo chegou a elaborar um pequeno jornal no ano lectivo anterior e se preparava para o fazer novamente.

Sobre o futuro da USALBI perante o falecimento de 15 alunos, o professor de jornalismo é peremptório: «Vamos continuar. Era de certeza o que eles [os falecidos] mais queriam», disse.

A funcionar há três anos em vários locais de Castelo Branco, a USALBI tem cerca de 470 alunos e mais de 50 professores «todos voluntários», explica, por seu turno, Arnaldo Brás, director da Associação Amato Lusitano, responsável pelo projecto.

»Tinha cinto»

Após três anos de actividade da Universidade Sénior de Castelo Branco e muitas viagens realizadas, a única memória que hoje ocupa o pensamento de Albertina Gonçalves é a do acidente na A-23.

A professora chefiava o grupo que na segunda-feira viajou até Nazaré e Fátima mas que não chegou a casa.

«Estive acordada o tempo todo. Viajava numa das primeiras filas do autocarro e foi muito complicado perceber que tinha pessoas ao meu redor em sofrimento», descreve Albertina Gonçalves, de 49 anos.

Segundo relata, todo o autocarro estava equipado com cintos de segurança mas não se sabe se toda a gente os usava na altura do acidente. Eu tinha o cinto posto, que me segurou até me tiraram para fora do autocarro», refere. «A colega que ia ao meu lado também tinha o cinto mas foi cuspida».

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