O SEF deteve esta terça-feira seis pessoas e desmantelou uma rede internacional de auxílio à imigração ilegal constituída por cidadãos chineses e nacionais que operavam a partir de Portugal, França e Reino Unido, disse à Lusa fonte ligada à investigação.
Da operação do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), que executou 24 mandados judiciais em Lisboa, Almada e Samora Correia, com buscas em doze domicílios, um armazém, estabelecimentos e viaturas, resultou não só a detenção de seis suspeitos, como a constituição de outro arguido, a identificação de 50 cidadãos estrangeiros em situação irregular e a apreensão de provas documentais.
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Os arguidos vão ser ouvidos na quarta-feira no Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa, onde serão interrogados e ficarão a conhecer eventuais medidas de coacção, respondendo por crimes de auxílio à imigração ilegal, falsificação ou contrafacção de documentos, branqueamento e outros crimes de natureza fiscal.
A organização, liderada em Portugal por dois cidadãos chineses, tinha como objectivo a legalização em território nacional de cidadãos chineses, recorrendo a métodos ilegais, que custavam a cada imigrante valores entre seis e oito mil euros.
De acordo com fonte ligada à investigação, a rede actuava de «forma profissional» e dedicava-se à falsificação e contrafacção de documentos necessários ao processo de legalização, como passaportes, contractos de trabalho, declarações de descontos para a Segurança Social, de impostos das Finanças, declarações do Instituto de Emprego e Formação Profissional e atestados de residência referentes às moradas das casas de passagem utilizadas pela rede, material que constava das provas apreendidas.
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Entre o material apreendido estavam também agendas, cerca de 14 mil euros em numerário e comprovativos de extractos bancários referentes a transferências de valores elevados.
A investigação comprovou ainda a ligação entre os arguidos, assim como a ligação destes a outros suspeitos de pertencerem à rede, com a apreensão de correio e de bilhetes de avião e outros transportes.
Esta foi uma das primeiras operações conjuntas entre polícias de países da Europa para desmantelamento de uma rede criminosa internacional que contou com a participação do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) em Portugal, e que accionou meios do Eurojust e da Europol.
De acordo com fonte ligada ao processo, a rede agora desmantelada angariava cidadãos chineses a residir ilegalmente em França e no Reino Unido, organizava o seu transporte até Portugal, onde depois assegurava, de forma ilícita, a legalização destes cidadãos chineses. Estima-se que milhares de imigrantes tenham recorrido a esta rede para obterem a legalização.
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Nos últimos três meses esta é a terceira associação criminosa constituída por cidadãos chineses a ser desmantelada em Portugal.
Já em Abril tinha decorrido a operação «Ninhos de Andorinha», que desmantelou uma rede que detinha cinco casas de prostituição em funcionamento na zona da grande Lisboa e no Algarve, com ligações a França e Espanha e que levou à detenção de sete cidadãos chineses indiciados pelos crimes de lenocínio, auxílio à imigração ilegal e tráfico de seres humanos.
Essa operação foi o culminar de uma investigação do SEF que durou mais de um ano e apurou que dezenas de mulheres passaram por esta organização, muitas delas traficadas, outras que se prostituíam por iniciativa própria mediante uma promessa de legalização em Portugal.
O «modus operandi» da organização passava por trazer mulheres da China, angariadas através de contactos que a organização mantinha no país, e que posteriormente eram levadas para Portugal e Espanha, onde se prostituíam.
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