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TGV: «O importante não é o custo, mas o retorno». Concorda?

Presidente da AEP afirma que projecto ficou mais caro para «contentar os espanhóis». Especialista discorda e garante que Porto-Lisboa e Lisboa-Madrid são as únicas linhas que «terão retorno financeiro». O que pensa o leitor? O TGV é necessário? E os bilhetes são acessíveis?

Portugal escolheu as linhas de TGV que vão ser construídas nesta primeira fase (Lisboa-Porto e Lisboa-Madrid) em função da vontade dos espanhóis, afirmou à Renascença Ludgero Marques, presidente da Associação Empresarial de Portugal (AEP).

«Por que é que não colocam o TGV entre o Porto e Vigo? É talvez mais importante do que Lisboa-Madrid. E por que é que não pensam na linha de Aveiro/Salamanca e o centro da Europa, pois esta é indispensável para as exportações. Vão gastar o dobro do dinheiro dispendido na OTA, mas contentam os espanhóis. Não é isso que nós precisamos. Nós precisamos é de contentar o nosso país», afirmou Ludgero Marques.

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Por seu lado, Manuel Tao, doutorado em transportes pela Universidade de Leeds (Inglaterra) e especializado em comboios, não concorda com as críticas do presidente da AEP. O especialista explicou ao PortugalDiário que as linhas Lisboa-Porto e Lisboa-Madrid «são as únicas (das cinco apresentadas inicialmente) que, neste momento, garantem retorno financeiro».

O custo do projecto de alta velocidade deverá ultrapassar os sete mil milhões de euros (o dobro do aeroporto da Ota), valor que é explicado pela «dificuldade» que a construção de uma linha deste tipo acarreta. «Os acessos às cidades e ultrapassar determinados elementos geográficos (rios, montanhas) tornam o projecto mais caro», afirmou.

«O investimento feito na construção das infra-estruturas não é recuperável. Acontece a mesma coisa com a construção de uma auto-estrada», explicou. Mas segundo Manuel Tao, «nestas duas linhas, será possível conseguir o retorno do investimento feito nos serviços» (bilhetes entre Lisboa e Madrid custarão entre 80 e 100 euros). O mesmo não acontece nas restantes três linhas (Porto-Vigo, Aveiro-Salamanca e Évora-Faro-Huelva) por não haver passageiros suficientes, garantiu o especialista.

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Manuel Tao afirmou mesmo que, «o que está em causa não é o custo do projecto, mas o retorno que trará ao país» e considera que a ligação do Porto a Vigo através da rede de alta velocidade, será realmente vantajosa «se for construída quando estiver terminada a linha Lisboa-Porto».

Mega área metropolitana com Lisboa e Porto

Um investimento desta dimensão numa altura em que Portugal vive uma crise financeira pode parecer arriscado, mas Manuel Tao garante que o projecto vai trazer muitos benefícios à economia portuguesa. A ligação de alta velocidade vai «favorecer o turismo, a implantação de empresas de serviços... vai ligar Portugal a Espanha e ao resto da Europa».

«Não podemos pensar à escala nacional, temos de pensar que estamos numa economia aberta. Se abdicássemos da ligação a Espanha tornávamo-nos numa periferia dentro da península Ibérica», afirmou.

O especialista refere que «tanto a área metropolitana do Porto, como a de Lisboa são pequenas à escala europeia. Colocar estas duas cidades à distância de uma hora e quinze minutos permite a criação de uma grande área metropolitana na faixa atlântica».

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Manuel Tao concorda com o actual projecto do TGV (inicialmente com duas linhas, sendo que as outras três serão equacionadas no futuro). «Tendo em conta as opções políticas que foram tomadas, esta é a proposta mais realista», afirmou o especialista. Mas garante que «foram equacionadas opções mais simples, mas, como o Governo já decidiu, não vale a pena pensar nelas.

Aos receios dos portugueses, Manuel Tao respondeu com factos históricos e recordou que «Portugal tem uma tradição secular de aversão a obras públicas deste género». «Quando começou a ser construída a primeira linha de comboio que ligou Lisboa ao Porto, o marquês de Lavradio afirmou que não iria ter sequer 500 passageiros por ano. Costa Cabral não lhe deu ouvidos e, mais de 150 anos depois, são mais de 20 mil os passageiros que circulam nesta linha todos os anos».

O que pensa o leitor? Portugal precisa mesmo da rede de alta velocidade? E os bilhetes. Serão acessíveis aos portugueses?

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