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Instituição nega abusos

Pai conta que, três anos depois, a menor ainda está traumatizada

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Isaías Azevedo, da direcção do Centro Maranathã, garantiu ao PortugalDiário que «não há abusos na instituição» e explicou que os dormitórios de meninos e meninas ficam em blocos diferentes e «as crianças nunca ficam sozinhas nem a cargo dos mais velhos. Há sempre um adulto a tomar conta, mesmo de noite».

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O responsável disse ainda que no período em que a menina viveu no centro «não estavam na instituição crianças com o nome» dos dois menores que a menina nomeia como tendo sido vítimas de abusos, mas o PortugalDiário confirmou que, pelo menos uma das crianças, viveu no Centro Maranathã ao mesmo tempo que Raquel.

O director mostra-se «admirado» com estas denúncias e garante que Raquel «nunca» lhe disse que tinha sido abusada. Recorda que a menor falava sobre sexo e tinha brincadeiras em que «punha um boneco em cima de uma boneca e chegou a convidar um menino da idade dela para ir para a casa de banho», mas garante que «nunca houve mais nada».

Isaías Azevedo disse também que reportou estes comportamentos a uma responsável da instituição onde a menor está agora.

«Ainda a apanho a chorar»

José, pai de Raquel, conta que a menina, agora com 10 anos, ainda está traumatizada pelos abusos que sofreu. «Ainda a apanho a chorar de vez em quando. Mas ela não me conta nada e a psicóloga pediu-me para não lhe perguntar. Disse que ela só falava se quisesse», explica ao PortugalDiário.

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Visivelmente emocionado, conta que nunca suspeitou de que a filha fosse vítima de abusos. «Fiquei desesperado quando me contaram, mas nunca desconfiei. Pedi para a mudarem de instituição porque não me deixavam trazê-la para casa aos fins-de-semana. Aquilo parecia um quartel», conta.

Mas, olhando para trás, recorda um dia em que foi visitar a menina ao Centro Maranathã. «Cheguei e ouvi-a a chorar. Demoraram meia-hora a trazê-la para o sítio onde eu estava e quando lhe perguntei o que tinha, disse-me que não era nada. Devem ter-lhe dito para não contar». José ainda foi ouvido pela PJ, mas «disseram-me que não conseguiram descobrir quem foi», conta.

Agora, garante que a filha «está bem». «É muito bem tratada na nova instituição, vem a casa aos fins-de-semana e nas férias. Tem uns momentos maus, mas já está muito melhor». Contudo, José ainda tem uma preocupação. «O que lhe aconteceu pode acontecer a outras crianças».

«Disseram que tinha sido eu»

Quando foi descoberto que Raquel tinha sido vítima de abusos, um responsável do Centro Maranathã «disse que tinha sido eu, mas isso não podia ser. Eu nunca estava sozinho com ela numa sala, nem sequer me deixavam trazê-la para fora», conta José.

As responsáveis da instituição onde a menina vive agora contam que nos primeiros tempos também não deixaram a menina sozinha com o pai. «Para o proteger, assim não havia maneira de dizerem que foi ele». Mas garantem que nunca suspeitaram que tivesse sido José o responsável pelos abusos. «Já o conhecíamos porque a irmã da Raquel tinha vivido aqui. Sempre nos pareceu bom pai».

Além disso, tinham estranhado «a resistência da instituição em deixá-la sair. Pareceu-nos que havia ali qualquer coisa». «Desde que a menina cá está, um responsável do Centro Maranathã ligou, queria falar com ela por telefone, até queria vir visitá-la, mas nós não deixámos».

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