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Casa: um palco de violência

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Desde 2001, até ao primeiro semestre deste ano, a APAV recebeu 5850 denúncias de violência contra crianças. Mais de 90 por cento aconteceram no ambiente familiar. A associação de apoio à vítima apresentou esta terça-feira um sítio na Internet dedicado à luta contra este tipo de crimes, relativamente aos quais recebe em média um pedido de ajuda por dia. O que é o «superior interesse da criança»?

Em 2006, a Associação Portuguesa de Apoio à Vitima (APAV) recebeu todos os dias um pedido de ajuda relacionado com crimes cometidos contra crianças. Mas os pedidos de ajuda têm vindo a aumentar, e só no primeiro semestre deste ano foram reportados à associação quase 500 crimes deste tipo. A esmagadora maioria foi cometida dentro do ambiente familiar. Os técnicos não arriscam dizer se isto corresponde a um aumento dos números reais, mas garantem que há uma maior «sensibilidade» para quebrar o silêncio. Por isso a APAV decidiu criar um sítio na Internet destinado a apoiar as crianças vítimas de violência, mas também aos pais e educadores, que foi apresentado esta terça-feira em Lisboa.

O APAV J, segundo explicou o vice-presidente da associação, na biblioteca da escola Nuno Gonçalves, trata-se de uma «nova resposta a uma nova necessidade». E a necessidade é a de haver mais um espaço de denúncia de casos de violência sobre crianças e de informações sobre como evitar este tipo de crimes.

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O responsável revelou que em 2006, «segundo os dados da APAV, que apenas se referem à população que recorre à associação, cerca de uma criança por dia foi vítima de crime e recorreu à APAV». Porém, as denúncias têm aumentado. «No primeiro semestre de 2007, 474 crimes foram denunciados contra crianças, sobretudo raparigas dos onze aos 17 anos, crimes esses que envolvem mais tratos físicos e psíquicos, mas também criminalidade e violência sexual», acrescentou João Lázaro.

Casa como lugar de violência

Segundo a instituição, de 2001 até ao primeiro semestre deste ano, «foram atendidos e apoiados 5850 crianças e jovens. Deste número, 5367 foram denúncias relativas ao ambiente familiar. Feitas as contas, 91,7 por cento das denúncias correspondem a casos de violência doméstica. As tabelas estatísticas da APAV dos últimos anos revelam que as raparigas são as mais visadas. Quanto a faixas etárias, a dos onze aos 17 anos recolhe 53 por cento das denúncias de crime, na media dos anos entre 2001 e 2006.

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Helena Sampaio, assessora técnica da direcção da APAV e licenciada em psicologia, realçou, em conversa com PortugalDiário a elevada violência contra crianças dentro das suas próprias casas. Porém, realçou da mesma forma uma maior sensibilidade para quebrar o silêncio», anotando uma «evolução cultural», relativamente ao «combate de combate de condutas violentas».

As queixas aumentaram, mas isso não significa poder-se fazer uma extrapolação semelhante para os números reais, explicou.

Linguagem diferente para idades diferentes

A especialista afirmou que o sítio da APAV foi criado com um espaço sensível às diferentes idades, com linguagens adaptadas para três grupos etários (menos de oito anos, dos oito aos 12 e mais de 12). O trabalho foi interdisciplinar, «essencialmente na área da psicologia, na social, na do direito, e na da saúde».

Para Roque Martins, técnico do Instituto de Apoio à Criança (IAC), «este sítio na Internet vem reforçar o combate à problemática da violência não só nas escolas, mas sobretudo na comunidade», disse ao PortugalDiário.

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O técnico sublinhou com preocupação que a maior parte das queixas se deve a «maus tratos na família», relevando que as denúncias são geralmente feitas por vizinhos.

Na biblioteca da escola Nuno Gonçalves, alguns alunos do 9º ano, foram os primeiros a navegar pelo sítio da APAV. João Santos, de 14 anos, garantiu ao PortugalDiário, depois da experiência, que «está bem estruturado, é giro, tem coisas interessantes». «Acho que uma pessoa pode sentir-se à vontade com aquelas perguntas que lá estão», assegurou.

Carolina Parrinha, da mesma idade, concordou com o colega. «Para crianças de oito anos está com uma linguagem correcta que dá para perceber. Tem uma linguagem própria para cada idade », explicou, concluindo: «Nunca me aconteceu nada assim, mas irei consultar para me informar».

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