Ana Paula Matos, cuja carreira de três décadas na PJ ficou subitamente manchada por suspeitas de ter desviado cerca de 94 mil euros que haviam sido apreendidos em operações anti-droga, começa a ser julgada esta quarta-feira no Tribunal da Boa Hora, em Lisboa, refere a Lusa.
A ex-coordenadora do Departamento Central de Investigação ao Tráfico de Estupefacientes (DCITE), que chegou a estar presa preventivamente na cadeia de Tires no Verão de 2007, é acusada pelo Ministério Público (MP) de quatro crimes de peculato (apropriação ilegítima de dinheiros públicos em proveito próprio), punido com pena de prisão de um a oito anos (artigo 375 do Código Penal).
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As verbas desviadas, durante o ano de 2006, terão sido utilizadas pela investigadora para pagar dívidas, incluindo ao Fisco, permitindo-lhe ainda pagar despesas correntes durante seis meses em que não mexeu no ordenado da Polícia Judiciária (PJ).
O desvio terá sido detectado em Maio/Junho de 2007 no âmbito de uma operação de controlo interno realizado pela própria DCITE, tendo a informação sido remetida para o MP, que dirigiu um inquérito-crime contra Ana Paula Matos e cuja investigação esteve a cargo da Direcção Central de Investigação da Corrupção e Criminalidade Económica e Financeira (DCICCEF) da PJ.
Ana Paula Matos tinha um cofre portátil no gabinete, tendo, contra os procedimentos normais, dado ordens para que ali fosse guardado dinheiro apreendido nas operações anti-droga.
O caso Ana Paula Matos abalou, na altura, a imagem da PJ da DCITE e terá contribuído para a saída do então responsável máximo da DCITE, José Brás, numa fase em que a Judiciária tinha como director nacional Alípio Ribeiro.
O impacto do caso levou ainda à instauração de uma sindicância pedida pelo director nacional da PJ, Alípio Ribeiro, destinada a «passar a pente fino todas as contas» da DCITE.
Ana Paula Matos já pediu a reforma da Polícia Judiciária.
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