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Crise torna portugueses hostis com os estrangeiros

Aviso da Alta Comissária pretende evitar situações como as do Reino Unido

A Alta Comissária para a Imigração alerta que com o agravamento da crise económica poderão surgir em Portugal «comportamentos» contra trabalhadores estrangeiros semelhantes aos que portugueses estão a sofrer no Reino Unido, considerando ser essencial a prevenção deste fenómeno.

Em entrevista à Lusa a propósito do primeiro aniversário como Alta-comissária para a Imigração e Diálogo Intercultural, Rosário Farmhouse sublinhou que um dos grandes desafios que enfrenta nas suas funções é «prevenir, em Portugal, comportamentos semelhantes» aos que se verificam no Reino Unido, que são «preocupantes e injustos».

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«Isto preocupa-nos bastante. Sem imigrantes o futuro será bem pior. É graças a eles que vamos conseguindo ter algum equilíbrio demográfico e na balança da segurança social. Será uma tarefa muito árdua, que só será possível através da sensibilização da opinião pública», frisou.

Ingleses não querem trabalhadores portugueses

Rosário Farmhouse lembrou que «é importante que os portugueses façam um exercício constante de memória». «Somos um país de emigrantes e gostamos de ser bem tratados lá fora», referiu, lembrando que os portugueses, apesar de alguns defeitos, são «acolhedores, humanistas e generosos em tempos de crise».

«Vai haver dificuldades e tensões, mas vamos conseguir demonstrar que somos diferentes e que não vamos fazer aos imigrantes aquilo que actualmente nos estão a fazer no Reino Unido», frisou.

Outro desafio que a crise económica coloca ao Alto-comissariado em 2009 é, segundo Rosário Farmhouse, uma aposta forte no empreendorismo e na inserção dos trabalhadores estrangeiros na vida activa.

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A responsável adiantou que o investimento no «empreendorismo dos imigrantes e na rede de estruturas de apoio ao emprego para imigrantes (UNIVA) serão medidas fulcrais neste ano devido à crise».

Estagnação na imigração

«Queremos que os imigrantes que, como os nossos emigrantes, têm capacidades de resistência e de empreendedorismo naturais, percebam que podem surgir novos nichos de mercado. É uma aposta que começou em 2008, mas que queremos definitivamente reforçar em 2009», adiantou.

A responsável adiantou que ainda não existem «números concretos» sobre se a crise tem levado a uma diminuição dos imigrantes que chegam a Portugal ou a um aumento dos estrangeiros que saem do país.

«Estamos numa fase de quase estagnação. Temos tido alguma gestão natural dos fluxos migratórios, muitos regressaram, outros preferem ficar cá à espera por melhores dias», explicou, considerando, por outro lado, que as grandes obras públicas previstas irão «com certeza atrair mais imigrantes».

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