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Genéricos: médicos explicam porque discordam

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Variações nas substâncias e impurezas do medicamento podem pôr em risco saúde dos doentes, diz bastonário

O bastonário da Ordem dos Médicos (OM) manifestou-se esta quarta-feira contra a troca de genéricos nas farmácias, alertando que estes medicamentos têm diferentes substâncias e impurezas que podem por em risco a saúde dos doentes, escreve a Lusa.

Cumprindo a lei «os genéricos com o mesmo princípio activo podem ter variabilidades grandes entre si», afirmou José Manuel Silva, comentando a proposta de lei do Governo de prescrição por Denominação Comum Internacional (DCI) que será votada sexta-feira no Parlamento.

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Segundo o bastonário, «os genéricos podem não ser bio equivalentes entre si: têm diferentes métodos de fabrico, têm diferentes excipientes [substâncias sem actividade terapêutica], têm diferentes impurezas e por isso muitos doentes sentem o efeito dessas modificações».

«O que está em causa nesta proposta de lei não é a alteração de um original por um genérico, nem é sequer aumentar a taxa de genéricos em Portugal. O que está em causa nesta lei é induzir a substituição de um genérico prescrito por um médico por outra marca do mesmo genérico escolhida pela farmácia», explicou.

O que os médicos pedem para «estimular a prescrição de genéricos é que, quando um médico prescreve um genérico, essa marca não seja substituída na farmácia», justificou.

O bastonário alerta para os riscos desta troca: «A substituição de um genérico por outro genérico induz um índice de variabilidade que é inaceitável e potencialmente prejudicial ao doente».

Por outro lado, como varia o aspecto e a cor dos comprimidos e as embalagens são diferentes, há doentes que tomam duas e três marcas do mesmo princípio activo e, muitas vezes, acabam nas urgências com situações potencialmente graves, alertou.

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José Manuel Silva contou um caso, que «se repete diariamente pelo país», de uma doente com insuficiência cardíaca que «descompensou» porque estava a tomar duas marcas de uma determinada substância activa e duas de outra por causa das trocas das farmácias.

«Esta situação podia pôr em risco a vida da doente», avisa, lembrando que um médico escolhe uma marca de genérico com base na «experiência, conhecimento, transparência e confiança na marca».

Já o farmacêutico «altera a marca escolhida pelo médico por interesses comerciais que não são favoráveis sequer ao doente porque a lei nem sequer obriga que a substituição seja por um genérico mais barato», critica.

Considerou ainda inaceitável que «a estabilidade clínica e a saúde dos doentes possa ser posta em causa apenas para favorecer os interesses comerciais dos farmacêuticos, que são legítimos mas não se podem sobrepor ao tratamento adequado dos doentes».

A OM apresentou propostas ao Governo para aumentar a taxa de genéricos em Portugal com o objectivos de reduzir para metade os custos da medicação, «muito acima daquilo que poderia eventualmente acontecer com esta lei».

«Estranhamente estas propostas, mais favoráveis em termos económicos aos doentes e ao Estado, foram recusadas pelo Governo», lamentou, rematando: «Esta insensibilidade da classe política e dos farmacêuticos para esta realidade que todos sabem que existe é absolutamente incompreensível e chocante para a OM e para os doentes».

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