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Fotografava menores em carrosséis e foi preso

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Homem acusa PSP. Advogado fala em «abuso» e ilegalidade dos agentes

Um fotógrafo amador acusou hoje a PSP de Faro de o ter detido ilegalmente durante quatro horas, algemado e confiscado a máquina, alegando que estava a fotografar menores em carrosséis numa feira da cidade, mas a Polícia afirma que o homem foi levado à esquadra para identificação.

Manuel Cortez Baptista, 50 anos, garantiu à Agência Lusa que se limitava a tirar fotografias nos divertimentos da Feira de Santa Iria, no passado domingo, dando livre curso ao ser «hobby» de fotografia, que pratica desde a juventude.

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«Fotografava os divertimentos, têm cor e movimento», defende-se, garantindo que há décadas que capta imagens de acontecimentos congéneres, em sítios públicos, um pouco por todo o Algarve e, apesar de alguns amargos de boca, «nunca tinha sido alvo de uma acção e uma acusação tão absurda».

O fotógrafo, funcionário público de profissão, suspeita que a denúncia à PSP partiu de um segurança da feira, desconfiado pelos propósitos das várias visitas que fazia à feira, «quase todos os dias depois do trabalho», como ele próprio confessa. De acordo com a descrição, os agentes à paisana das Brigadas de Investigação Criminal da Polícia de Faro levaram-no então para um local menos barulhento, perguntaram-lhe se era português e pediram-lhe a identificação.

Tiraram-me a máquina e não ma devolvem

«Como tinha o bilhete de identidade no carro, levei-os lá, mas quando ia tirar o telemóvel do bolso, para informar a família do que me estava a acontecer, agarraram-me de súbito por trás, algemaram-me e começaram-me a tratar por tu», acusa. Acrescenta que foi então levado para o carro, agarrado pelos dois homens.

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Já na esquadra, Manuel Cortêz Baptista indicou aos agentes o endereço dos seu blog da Internet e o nome do sítio em que costuma exibir as suas fotografias, «dos mais variados temas e situações», mas eles não se terão dado por convencidos.

Segundo o fotógrafo, depois de visionarem o conteúdo do cartão de memória da câmara digital, questionaram-no sobre a sua vida íntima, «tentando descortinar se tinha inclinações pedófilas» e constituíram-no arguido.

«Fizeram-me fotografias de frente e de perfil, tiraram-me impressões digitais e mandaram-me embora quatro horas depois sem a máquina», descreve. «Quarta-feira tentei recuperar a máquina, mas disseram-me que só me a davam se eu provasse que era minha», afirma.

«Caça às bruxas»

Manuel Cortez Baptista evoca o artigo 79 do Código Civil, que refere que não é necessário o consentimento da pessoa retratada «quando a reprodução da imagem vier enquadrada na de lugares públicos» ou «de factos de interesse público ou que hajam decorrido publicamente».

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Casado e pai de um filho, o fotógrafo lamenta a «caça às bruxas» em que considera ter-se convertido a procura de alegados pedófilos e sustenta que o que lhe aconteceu é sintomático do clima de perseguição a que os fotógrafos, amadores e profissionais, são sujeitos nos mais variados locais.

Advogado: «Quem deve passar à condição de arguidos são os polícias»

Contactado pela Lusa, o advogado e comentador de assuntos judiciais António Marinho Pinto considera que a acção da Polícia de Faro é «abusiva e ilegal» e que «quem deve passar à condição de arguidos são os agentes policiais que detiveram o fotógrafo».

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