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Homicídios: telemóvel trama «Rei Ghob»

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Arguido enviou SMS com cruzes, sinal que também deixou em algumas anotações, mas psicólogo forense considera não se tratar de uma «assinatura» dos crimes

A coincidência de locais onde se encontraram os telemóveis de Francisco Leitão (Rei Ghob) e das vítimas levou a Polícia Judiciária a constitui-lo único arguido no caso dos quatro homicídios que está a ser julgado no Tribunal de Torres Vedras.

Fonte ligada ao processo explicou à agência Lusa que, durante as investigações, as operadoras de telecomunicações móveis forneceram dados à Polícia Judiciária (PJ) que permitiram aos inspectores concluir que a localização do telemóvel e respetivo cartão do arguido seria a mesma da das três vítimas.

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Trata-se de uma prova relevante que permitiu à PJ concluir que, por detrás das mensagens escritas (SMS) enviadas em nome das vítimas dos seus telemóveis para os das famílias estaria o sucateiro da Carqueja, que se terá apropriado deles depois de as matar, a 5 de Junho 2008 (Tânia), 26 de Junho 2008 (Ivo) e 3 Março 2010 (Joana).

Segundo a mesma fonte, assim se explica que, dezasseis dias depois da morte de Tânia Ramos, a operadora de telemóvel tenha percebido que o cartão de telemóvel da vítima teria sido inserido no aparelho do arguido.

De igual modo, no telemóvel de Leitão esteve inserido um número alternativo de Ivo (registado já depois do seu desaparecimento).

Desde 20 de Maio de 2007, o telemóvel principal de Ivo esteve sempre ligado e foi desligado no dia da morte de Joana. No dia seguinte, e até 18 de Março de 2010, o arguido inseriu o cartão com o número da vítima no telemóvel de Ivo.

Aquando de uma deslocação a Espanha, já depois da morte de Joana, Francisco Leitão deixou o seu telemóvel desligado na casa da Carqueja e levou o cartão de Joana dentro do telemóvel do Ivo.

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O julgamento de «Rei Ghob», prossegue na segunda-feira, com a audição de mais seis testemunhas, entre as quais o «João da roulotte» e a esposa, duas pessoas que colaboraram com o arguido nas manobras de distração junto das família das vítimas, fazendo-as acreditar que ainda estariam vivas.

Segundo a testemunha-chave do processo - Mara Pires -, «João da roulotte» terá ainda sido cúmplice de Francisco Leitão na morte de Ivo Delgado, auxiliando-a a enterrar o corpo.

Mensagens de SMS com cruzes

O especialista em psicologia forense Carlos Poiares defende que Francisco Leitão, conhecido como «Rei Ghob», não quis deixar a sua assinatura nos quatro homicídios pelos quais está a ser julgado no Tribunal de Torres Vedras.

Na opinião do especialista em psicologia forense, as cruzes assinaladas nalgumas mensagens de telemóvel e outras anotações alegadamente escritas pelo arguido e entregues aos familiares das vítimas não são suficientes para afirmar que Francisco Leitão quis «deixar a marca de que uma série de crimes são da sua autoria».

«O sujeito nunca confessou os crimes e a assinatura costuma surgir quando pretende deixar a marca de que uma série de crimes são da sua autoria», explicou Carlos Poiares, confrontado com a marcação de cruzes em provas existentes no processo.

O especialista em psicologia forense e director da Faculdade de Psicologia da Universidade Lusófona afastou assim a hipótese de as cruzes funcionarem como uma marca típica de um alegado psicopata, o género de criminosos que têm por hábito deixar a sua «assinatura» nos crimes que comete.

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