Já fez LIKE no TVI Notícias?

IP rejeita responsabilidades no descarrilamento do Alfa Pendular que provocou dois mortos em Soure

Empresa frisou que “todos os trabalhadores da IP que exercem funções de maquinistas têm a certificação legal exigida"

A Infraestruturas de Portugal (IP) rejeitou esta sexta-feira responsabilidades no descarrilamento do comboio Alfa Pendular, na vila de Soure, distrito de Coimbra, em julho de 2020, que provocou dois mortos e 44 feridos.

“Da leitura do relatório, resulta evidente que não foi apurada qualquer falha no funcionamento da infraestrutura ferroviária. A sinalização existente na Estação de Soure, em termos de localização e visibilidade, cumpre integralmente o normativo técnico e regulamentação vigente e, no momento do trágico acidente, funcionou como previsto”, sublinhou a IP num comunicado de imprensa enviado à Lusa.

 

PUB

Segundo a mesma nota, “na sequência da divulgação pelo Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF)” do “Relatório de Investigação de Segurança” relativo à colisão de comboios ocorrida na estação de Soure, “fica também claro que o Veículo Ferroviário (VCC105) estava dotado de todos os sistemas e equipamentos definidos pelas normas e regulamentos aplicáveis”.

Para a IP, o documento demonstra também que “os colaboradores da IP, que lamentavelmente perderam a vida neste acidente, detinham a formação e certificação legalmente exigida para o cumprimento das suas funções”.

A empresa frisou que “todos os trabalhadores da IP que exercem funções de maquinistas têm a certificação legal exigida para o efeito e frequentam ações de formação de reciclagem que cumprem os parâmetros definidos na regulamentação aplicável”.

PUB

“Salienta-se que, na IP, todos os trabalhadores que desempenham a função de agente de acompanhamento detêm a habilitação de maquinista, cuja formação é mais abrangente que a prevista para agente de acompanhamento, o que significa que os Veículos Motorizados Especiais (VME) em circulação têm sempre dois colaboradores com certificação de maquinista a bordo”, lê-se ainda no comunicado.

 

A empresa recordou ainda que “nos dias seguintes ao acidente em Soure", adotou, "como medidas adicionais de segurança para mitigação da falha humana”, “um conjunto de regras e procedimentos complementares para a circulação dos VME em linha aberta à circulação”.

Uma das regras foi a “confirmação por comunicação ao Centro de Comando Operacional da abertura do sinal que permite o prosseguimento da marcha do veículo”.

PUB

De acordo com a IP, da análise ao histórico (apenas disponível desde novembro de 2007) de “passagem de comboios em situação análoga à do acidente (amostra com 2.595 comboios com paragem na linha III de Soure, nos últimos 12 anos), não há registos de falhas de interpretação das respetivas tripulações relativamente aos sinais S5 e S3 constantes no local do acidente”.

O comboio, com 212 passageiros e que seguia no sentido sul-norte, com destino a Braga, descarrilou na tarde de 31 de julho de 2020, após abalroar um veículo de conservação de catenária (VCC), que entrara na via, segundos antes, junto à localidade de Matas, provocando a morte aos dois trabalhadores da IP, que estavam no VCC, e 44 feridos, três dos quais graves.

“O acidente não se deveu a qualquer anomalia técnica, tendo estabelecido como explicação mais provável para a ultrapassagem indevida do sinal S5 [vermelho] pelo VCC, um erro da tripulação na identificação do sinal que dizia respeito à linha em que o comboio se encontrava, tendo entendido que se lhes aplicava o sinal S3 com aspeto verde para a passagem do comboio rápido n.º 133 [Alfa Pendular]”, concluiu o GPIAAF no relatório hoje divulgado.

Além do “provável erro” na interpretação do sinal pelo VCC, a investigação aponta ainda como fator contributivo para o acidente, entre outros, o facto de este veículo de manutenção não estar equipado com o sistema de controlo automático de velocidade (CONVEL).

PUB

Últimas