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Salazar desmascarou espiões ingleses durante II Guerra Mundial

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Rede de espionagem inglesa em Portugal contava com participação de vários portugueses adversos ao regime, como Cândido de Oliveira

O investigador José António Barreiros revela no livro «Traição a Salazar» a rede de espionagem inglesa em Portugal, na II Guerra Mundial, que a polícia política de Oliveira Salazar desmontou, devido à rivalidade com a Legião Portuguesa.

A rede de espionagem inglesa «contava com a participação de vários portugueses adversos ao regime», mas «os ingleses caíram na ingenuidade de ter contactos com a Legião Portuguesa», contou o autor à Lusa, nesta segunda-feira.

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«Será a rivalidade entre legionários e a polícia política, a PVDE [Polícia de Vigilância e Defesa do Estado] que leva à denúncia da rede. A PVDE teve o maior gosto em denunciar a situação, e assim conseguir o seu grande trunfo face à guarda pretoriana do regime», explicou.

Dá-se o que autor considera como «um ajuste de conta dos serviços do regime».

Corria o ano de 1940 quando as tropas nazis estavam nos Pirinéus e Adolfo Hitler traçou um plano para invadir a Península Ibérica, denominado «Operação Félix» que visava ocupar o território de Gibraltar e assim «expulsar os ingleses do Mediterrâneo ocidental».

«Os ingleses, nesta altura, queriam sobretudo evitar que os alemães fechassem o mar Mediterrâneo, o que seria uma completa alteração da ordem de batalha», observou o investigador.

Londres chega a propor a Salazar um plano oficial de destruição de vias de comunicação que impedisse os alemães de consumarem a sua estratégia, «secretamente negociado em Londres».

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Neste período «ninguém sabia o que Hitler pensava, e os ingleses pensaram que Salazar, por razões de mesquinhez financeira, se recusasse a destruir património nosso como pontes, depósitos de combustível, portos e estradas, para deter um avanço alemão».

Hitler abandona o plano de invadir a península Ibérica no quadro da «Operação Barbarossa» que define a progressão da guerra, em junho de 1941, rumo à então União Soviética.

«A obra demonstra que, mais uma vez, a nossa mais velha aliada traiu a aliança [firmada em 1373] que nos ligava e o Governo português, descoberta a rede, teve de condescender para evitar o que seria um mal maior, uma rutura da posição de neutralidade», defendeu o investigador.

Assim os cidadãos britânicos envolvidos «saíram pelo seu pé» enquanto «os portugueses envolvidos foram parar com os ossos ao [campo de prisioneiros políticos do] Tarrafal [em Cabo Verde]».

«Uma injustiça em nome do realismo político», rematou o autor.

Entre esses portugueses, estava Cândido de Oliveira que, depois de ter saído deste campo de detenção, fundou o jornal A Bola. Casapiano, Cândido de Oliveira era agente secreto dos ingleses com o cognome «Pax». Foi por essa razão que o deportaram para o Tarrafal.

O advogado José António Barreiros investigou esta rede inglesa de operações clandestinas durante cinco anos apesar «de seguir esta linha de investigação há muito mais tempo». Dessa investigação surgiram sete livros de ensaio histórico.

«Traição a Salazar», com a chancela da Oficina do Livro, é apresentada terça-feira às 18h30, pelo escritor Gonçalo M. Tavares, na Livraria Barata, em Lisboa.

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