Os pais dos jovens que morreram no Meco vão ser recebidos pelo Papa no próximo dia 24 de junho, no Vaticano.
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Sobre a vida destas famílias paira em suspenso a possibilidade de as mortes terem ocorrido no contexto de uma praxe académica e de ter havido um envolvimento direto de João Gouveia, «dux» da Lusófona e único sobrevivente da tragédia, nos acontecimentos.
O cenário de praxe foi colocado em cima da mesa logo nos primeiros dias que se seguiram à tragédia. Os jovens tinham sido vistos a ir para a praia vestidos com o traje académico e sabia-se que nessa noite apenas João Gouveia teria levado o telemóvel consigo.
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A investigação conduzida pela TVI apontava para este mesmo enquadramento. As mensagens trocadas por uma das vítimas, Joana Barroso, e duas amigas, confirmaram um fim de semana do Conselho de Praxe (COPA) da universidade e os documentos a que a TVI teve acesso mostraram que esta não era uma situação inédita: terão ocorrido outros fins de semana de praxes, onde terão acontecido rituais violentos, com os praxados amarrados e obrigados a rastejar.
Mais, testemunhas da localidade de Aiana de Cima, onde os estudantes estavam alojados nesse fim de semana, que foram ouvidas pelo MP, asseguraram ter visto os estudantes a rastejar com pedras.
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Praia do Meco
O único sobrevivente garantiu às autoridades que não houve qualquer ritual académico naquela noite de dezembroDepois de sete meses de investigação, o MP de Almada concluiu, a 25 de julho, que tudo não passou de um acidente. De acordo com o despacho de 100 páginas, o grupo de sete jovens, onde se incluía João Gouveia, foi arrastado para o mar, surpreendido por uma onda de grandes dimensões, quando conviviam no areal.
De imediato, a decisão foi contestada pelos familiares das vítimas que não só questionaram o arquivamento, como defenderam que o mesmo apenas adensava ainda mais as dúvidas em relação incidente.
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Para o advogado das famílias, Vitor Parente Ribeiro, o arquivamento do inquérito passou pela descredibilização de todas as testemunhas que garantiram ter visto os estudantes a ser praxados. As testemunhas em causa chegaram mesmo a ser ouvidas quatro vezes, algumas delas em casa e não no tribunal como seria normal, segundo o que a TVI apurou.
«O que é que estas testemunhas teriam a ganhar em dizer seja o que for que não fosse a verdade?», questionou o advogado.
Praia do Meco
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Outra das contradições apontada pela famílias prende-se com as localizações celulares.
Uma análise aos documentos fornecidos pela Vodafone à Polícia Judiciária mostra que os telemóveis de João Gouveia e de uma das vítimas, Catarina Soares, acionaram na noite fatídica as antenas da Costa da Caparica e de Oeiras norte, em vez da antena do Meco. Perante estes dados, as famílias acreditam que João Gouveia poderá ter fugido da praia e regressado, mais tarde, para simular uma situação de pré-afogamento.
A TVI sabe que nem a PJ nem o Procurador da República titular deste caso fizeram qualquer análise a esta informação que esteja registada no processo.
Mas as incongruências não ficam por aqui.
A TVI apurou ainda que a roupa que João Gouveia usava na noite fatídica foi entregue à Polícia Judiciária três meses depois da tragédia ainda molhada. Uma situação que intriga os familiares das vítimas.
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«Qualquer pessoa normal, sem estar nas lides da investigação criminal percebe que ao fim de três meses não há roupa nenhuma que se mantenha molhada», questionou o advogado Vítor Parente Ribeiro.vestígios de água doce e não do mar
João Gouveia não compareceu no debate instrutório convocado para o dia seguinte, 2 de fevereiro. O pai do "dux" assegurou, nesse dia, que "a estratégia nunca foi o silêncio".
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A procuradora da República, que representa o Ministério Público, pediu para ouvir novas testemunhas no debate instrutório.
Dias depois, um perito em afogamento desmontou a versão de afogamento de João Gouveia, não acreditando que o único sobrevivente da tragédia tenha estado dentro da água, no mar onde morreram os outros seis jovens.
A 4 de março, o Tribunal de Setúbal decidiu não levar a julgamento o jovem. Os pais dizem que o processo foi arquivado com prova proibida.
A 15 de março foi inaugurado um memorial, precisamente na praia do Meco, em homenagem às vítimas.
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