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After hours privadas com droga ao domicílio

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Depois das oito da manhã os borguistas da capital continuam a festa

Quando as discotecas fecham começam as after hours privadas da capital que podem durar todo o fim-de-semana. Com droga ao domicílio e DJ`s profissionais, este fenómeno começa a tornar-se moda entre jovens adultos, com profissões liberais e uma instrução acima da média. Para estes boémios, as after hours privadas são simplesmente uma continuação da noite, «a grande diferença é que acontecem em casa de alguém».

O padrão que define estas festas privadas é realizarem-se durante o dia com a presença de dois ingredientes obrigatórios: música e droga. De resto, algumas decorrem em apartamentos degradados e outras em vivendas luxuosas; algumas são meros locais de consumo de droga e outras reúnem todas as condições para prolongar a diversão.

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Catarina (nome fictício), que trabalha numa das maiores produtoras nacionais de eventos musicais, revela que as festas que frequenta são normalmente em apartamentos arrendados, «porque as pessoas que têm casa própria não têm grande vontade de fazer este tipo de coisas».

Sem droga «é impossível aguentar tantas horas»

Nas festas de cocaína de Catarina, quem não participa financeiramente não entra. E existem algumas regras implícitas: «Leva-se sempre uma garrafa por cortesia e ninguém sai para comprar coca. Há sempre alguém que telefona e a droga é entregue ao domicílio». Filipe (nome fictício), por outro lado, conhece as festas à beira da piscina, onde «as pessoas aproveitam para apanhar banhos de sol, porque já é de dia». Onde o ecstasy circula num espírito comunitário, «enquanto houver o pessoal vai consumindo».

A população de «borguistas» é flutuante e variada, «de todas as idades, estratos sociais e económicos». E é mesmo normal a presença de caras «famosas do mundo da música ou da representação». É exactamente esta miscelânea de personalidades que atrai Catarina.

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Na chamada «noite» vê-se todo o tipo de gente e há mesmo encontros imprevistos. Isabel (nome fictício), 28 anos, guionista de telenovelas famosas, recorda que ainda recentemente encontrou uma colega de trabalho, «que é mãe e tem 40 e tal anos» na casa de banho de uma festa after hours. A guionista sublinha no entanto que este ambiente pode tornar-se decadente. Os estimulantes parecem ser a única forma de adiar o fim da diversão.

Segundo Catarina, a maioria dos frequentadores de after hours privadas está sob o efeito de drogas, «sem as quais é impossível aguentar tantas horas acordadas».

Para os frequentadores de after`s, o lado duro desta diversão são as suas consequências físicas, é «o dia seguinte», diz Catarina. Para a maioria, segunda-feira é dia de trabalho, é dia de voltar à rotina, depois de cometidos todos os excessos.

«Nos últimos tempos assistiu-se a um boom da cocaína».

Luís Anselmo, do Instituto da Droga e Toxicodependência (IDT) alerta para o facto de «a banalização do consumo levar a uma baixa percepção do risco». «Nas saídas à noite há um claro aumento de consumo e existe a sensação de que podem controlar a situação e que só consomem de vez em quando, mas a verdade é que o número de consumidores de coca a recorrerem aos centros de apoio está a aumentar», alertou.

Para o grupo de amigos de Catarina, snifar cocaína não tem a conotação decadente associada por exemplo ao consumo de heroína. Uma relação curiosa, já que segundo o especialista do IDT, Rui Pedro, estas duas substâncias estão muito ligadas em termos de consumo: «Nos últimos tempos, assistiu-se a um boom da cocaína em detrimento da heroína».

No entanto Catarina desvaloriza as preocupações, «existe um preconceito em torno das after hours, mas a verdade é que não passa de uma continuação da noite. Não há nada que se faça a partir das seis da manhã que não se tenha começado a fazer muitas horas antes».

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