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Cerca de 150 pessoas juntaram-se hoje em Lisboa numa ação de solidariedade com os ativistas angolanos recentemente detidos, numa iniciativa de diversas organizações de direitos humanos e grupos de cidadãos.
A concentração coincidiu com outra manifestação que decorreu em Berlim, recordou Teresa Pina, diretora executiva da Amnistia Internacional (AI) Portugal, uma das Organizações Não Governamentais (ONG) que se associou à iniciativa, como a sua congénere Transparência Internacional, para além de diversos grupos de cidadãos e organizações de solidariedade.
“Angola é membro não permanente do Conselho de Segurança da ONU e Portugal é membro do Conselho dos Direitos Humanos da ONU. Angola comprometeu-se em outubro de 2014 a respeitar os acordos internacionais que assinou, incluindo os direitos humanos. E que incluía pôr termo às prisões arbitrárias, e designadamente respeitar a liberdade de opinião, de expressão, de reunião…”, sublinhou.
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“Libertação, já” era a palavra de ordem da organização Solidariedade Imigrante. Ao lado um jovem transporta um cartaz preso ao pescoço: “Não à repressão em Angola. Liberdade para todos os presos políticos”. Fixada a grades de ferro, numa faixa amarela da AI lia-se: “Defesa dos direitos humanos”.
Entre os participantes, estava o escritor angolano José Eduardo Agualusa, que justificou a presença por “solidariedade" com os jovens presos em Angola por, salientou, "delito de opinião, por pensamento”.
Esteve em Angola pela última vez em novembro, e diz que nessa altura notou “um recuo” do ponto de vista político. E que entende com um “sinal de fraqueza” do regime.
“Houve um enorme retrocesso em Angola, ficou claro que não estamos avançar para nenhuma democracia, pelo contrário, o regime recuou. Também fica claro, por outro lado, que este regime está muito fragilizado e muito amedrontado. Provavelmente o Presidente José Eduardo dos Santos está a viver os seus últimos dias no poder. Não acredito que chegue sequer às eleições”, assinalou.
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“Há muita gente dentro do partido que não concorda com o que aconteceu. Pode cair internamente, pode cair por movimentações populares, há vários cenários possíveis. O melhor cenário seria o Presidente compreender que o que está a acontecer é grave e ele pode perder o controlo da situação e abrir o país à democracia, convocar eleições democráticas e afastar-se. Esse seria o cenário ideal. Não vai acontecer”, considerou.
“São assassinos”, acusou, antes de dar vivas à comunidade internacional, aos intelectuais, à democracia, à liberdade.
A situação agravou-se a partir de 20 de junho, com a prisão preventiva de 15 jovens ativistas, suspeitos de estarem a preparar em Luanda um atentado contra o Presidente e outros membros dos órgãos de soberania, num alegado golpe de Estado, conforme informou à Lusa, na ocasião, a Procuradoria-Geral da República (PGR) de Angola.
Na capital angolana, à tentativa de manifestação, a polícia respondeu com uma carga, impedindo dezenas de jovens de se juntarem e exigir a libertação dos ativistas detidos.
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