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Morreu a escritora Maria Gabriela Llansol

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Autora de «Lisboaleipzig» considerada das mais inovadoras escritoras da ficção portuguesa

A escritora Maria Gabriela Llansol, autora de «Lisboaleipzig», faleceu esta segunda-feira aos 76 anos, revelou o editor Manuel Rosa, da Assírio & Alvim, informa a Lusa.

«Maria Gabriela faleceu hoje às 7h30 em sua casa, em Sintra», disse o editor.

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Maria Gabriela Llansol, de ascendência espanhola, nasceu em Lisboa a 24 de Novembro de 1931 e é considerada uma das mais inovadoras escritoras da ficção portuguesa contemporânea.

É autora das obras «Os pregos na erva» (1957), «A restante vida» (1978), «Um beijo dado mais tarde» (1990), «Lisboaleipzig» (1994) e «Amigo e Amiga», vencedor do Grande Prémio de Romance e Novela da APE 2006.

O funeral da escritora realiza-se esta terça-feira no cemitério dos Prazeres, em Lisboa, disse o ensaísta João Barrento.

O corpo da autora estará em câmara ardente ao final da tarde desta segunda-feira na Igreja Santa Isabel, em Campo de Ourique, Lisboa, e de onde sairá na terça-feira às 14h00 o funeral para o cemitério dos Prazeres.

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Autora de «poética singular»

O presidente da Associação Portuguesa de Escritores (APE) afirmou que a Literatura portuguesa «perdeu uma das suas vozes maiores» com a morte de Maria Gabriela Llansol, autora de uma «poética muito singular».

Para o presidente da APE fica a memória de «uma personalidade inconfundível», com uma obra «que se constitui de elementos muito apelativos e desafiadores, sempre escrita num género que nos deixa fascinados e perplexos».

«Com o avançar dos anos foi-nos propondo livros cada vez mais aperfeiçoados», referiu sobre a autora, que fez «um trabalho minucioso dedicado às letras».

Escrita de «grande exigência»

Maria Gabriela Llansol produziu «uma das escritas mais pessoais, mais profundas do nosso tempo», disse o escritor Fernando Dacosta.

A sua escrita, qualificou, é de «uma grande exigência, quer ao nível estético, quer filosófico, o que lhe dá um lugar único no Panteão dos grandes autores portugueses».

O seu mundo literário é «muito próprio, irrepetível, não catalogável», sintetizou Dacosta. Na sua opinião, Gabriela Llansol «nunca cedeu a pressões de mercado, a modas literárias, a visibilidades pessoais».

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«A grande prosadora do século XX»

A escritora é «um dos grandes nomes» e «provavelmente a grande prosadora» da literatura portuguesa do século XX, na opinião do poeta, romancista e crítico literário Eduardo Pitta.

Pitta assinalou ter estado «sempre em conflito» com as ideias correntes sobre a autora, porquanto, embora reconhecendo a sua envergadura como criadora literária, nunca encarou a sua obra como «ficcional».

«Ela escreveu - realça o escritor - grandes livros sobre ela, sobre o mundo. E são admiráveis títulos como Um falcão no punho e Finita. Mas dizer que ela escrevia grandes romances e atribuir mesmo o Grando Prémio de Romance e Novela a um livro como Amigo e Amiga parece-me excessivo».

«A sua morte é, sem dúvida, uma enormíssima perda», disse ainda.

À margem da literatura

Maria Gabriela Llansol viveu por opção à margem da literatura, mas a sua escrita partia da matéria do mundo, descreveu o ensaísta e tradutor João Barrento.

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«Demarcou-se sempre do universo literário» e a sua escrita «apelava sempre para qualquer leitor e não para um leitor específico», afirmou Barrento, amigo da escritora.

Aos que apontam um certo «esoterismo, misticismo» ou até mesmo um carácter hermético na sua obra, João Barrento contrapõe uma escrita que «vivia da matéria do mundo».

«É só uma questão de saber olhar» para a sua escrita, disse Barrento.

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