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Genéricos: 15 farmacêuticos dizem «não»

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«Não faz sentido nenhum alterar aquilo que o médico prescreve», dizem

Quinze directores técnicos de farmácias disseram, esta quarta-feira, à Lusa que não vão substituir as receitas médicas por genéricos mais baratos, uma medida promovida pela Associação Nacional de Farmácias (ANF).

Segundo Maria Paulo Noivo, farmacêutica e directora técnica, «não faz sentido nenhum alterar aquilo que o médico prescreve, embora se deva ter em atenção o que o utente pede».

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«Cada caso é um caso, mas devemos dar sempre ao doente aquilo que consta na receita médica que nos é apresentada», contrapõe.

O director técnico Vítor Calado partilha da mesma opinião e defende que «jamais uma receita médica pode ser alterada, por muito que o utente peça um genérico mais barato».

Vontade do médico deve ser cumprida

Num conjunto de 18 farmacêuticos da área de Lisboa ouvidos, esta quarta-feira, pela Lusa, 15 defendem que no caso da receita médica vir «trancada», isto é, em que há uma vontade expressa do médico para proibir a substituição do medicamento por um genérico, essa vontade deve ser cumprida e não alterada.

Contudo, quando o médico não se pronuncia nesse aspecto, os farmacêuticos costumam informar os doentes acerca de alternativas mais baratas, neste caso, genéricos.

Apesar disso, há quem defenda, como a ANF, que pode sempre ser dado como alternativa um genérico, «porque não se está a alterar a receita médica, mas sim o tipo de medicamento administrado».

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«Há cada vez mais pessoas que cortam nos medicamentos por falta de dinheiro, por isso, não faz sentido que nós, farmacêuticos, não tenhamos sempre um genérico alternativo, mais barato, para sugerir», defende Pedro Mendes Martins, director técnico.

Ordem dos Médicos considera medida «um crime»

Esta medida constava do programa eleitoral de João Cordeiro, que tomou posse, esta quarta-feira, como presidente da ANF, em Lisboa, e que garantiu no seu discurso que se trata de uma iniciativa para responder à crise, com a possibilidade dos doentes escolherem o medicamento mais barato.

Na prática, o doente chega à farmácia com uma receita passada pelo médico e é esclarecido de todos os outros medicamentos que existem à venda com a mesma substância activa e que são mais baratos.

Se o utente optar por essa via, independentemente da vontade do médico, leva o medicamento genérico, mas terá de assinar o receituário.

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A Ordem dos Médicos (OM) considera um «crime» a medida promovida pela ANF e promete denunciá-la ao Ministério Público (MP).

Também a Associação de Farmácias de Portugal (AFP) já demonstrou que está contra esta medida, destacando que «vai contra a legislação e que o farmacêutico não deve, em momento algum, substituir o médico no acto de recomendar ou prescrever um medicamento».

«A AFP demarca-se veementemente da proposta apresentada pela ANF e não há razão para lançar uma campanha deste género sobre uma questão que está legislada», avança a AFP em comunicado.

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