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Saúde: há casos que configuram situações de corrupção

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Presidente do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, diz ainda que prática clínica está cheia de casos de desperdício

O presidente do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV) afirmou esta terça-feira que a prática clínica está cheia de casos de desperdício e alguns de corrupção que lesam o Estado e são atentados à ética na saúde.

Miguel Oliveira da Silva falava à margem da conferência sobre Fundamentos Éticos nas Prioridades em Saúde, que decorre na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, escreve a Lusa.

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Para este especialista em ginecologia e obstetrícia, actos de desperdício como a prescrição de mamografias desnecessárias ou exames complementares de diagnóstico repetidos são alguns exemplos de desperdícios que muitos médicos praticaram, incluindo ele próprio.

Trata-se, segundo disse, de uma «medicina defensiva» que visa evitar que um doente processe posteriormente o médico por não ter realizado todos os exames possíveis, mas que é «uma má prática médica».

Mas há outros casos mais graves e que, segundo Miguel Oliveira da Silva, configuram situações de corrupção, como a prescrição de exames desnecessários com o único objectivo destes serem realizados nas clínicas onde os prescritores trabalham e à conta do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

É fácil convencer uma grávida a fazer ecografias, pois «é giro, vê o bebé e até fica com uma fotografia», mas é «uma má prática médica».

A este propósito, o presidente do CNECV disse concordar com o controlo que a tutela está a impor aos médicos na prescrição.

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«O ministro da Saúde controla todos os exames que eu peço», disse, enaltecendo a contenção nesta área.

Os custos dominaram a intervenção do economista Pedro Pita Barros, que apresentou à plateia as escolhas que, na sua opinião, terão de ser feitas para alcançar os limites da despesa pública com medicamentos impostos pela troika: «Ou os doentes pagam mais, ou consumimos menos ou esmagamos preços».

A situação revela-se mais melindrosa no ambiente hospitalar, no qual as escolhas terão de ser feitas em áreas como a oncológica.

«Gastamos 300 mil euros para prolongar duas semanas de vida ou investimos esse valor noutra área?», questionou.

O padre Vitor Feytor Pinto, da Pastoral da Saúde, trouxe ao debate a espiritualidade nesta área e alertou para que «não se caia na tentação do toca e foge».

«Temos de estar presentes para o doente e ele tem de saber que estamos lá», disse.

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