Já fez LIKE no TVI Notícias?

Sacos de plástico bolivianos rendem prémios a fotógrafo português

Esta quinta-feira foi anunciado mais um galardão: um terceiro lugar nos Prémios Mundiais de Fotografia Sony

Curiosamente, contou, a série surgiu de forma espontânea: enquanto esperava pela autorização para visitar uma unidade de processamento de lítio - que nunca chegou -, começou a fotografar em redor e reparou num arbusto com sacos de plástico. Fruto de uma consciência ambientalista pessoal, esta foi a primeira série que o português fez que não tem pessoas como protagonistas: em geral aborda temáticas sociais e políticas, em particular na América Latina, região pela qual confessa o fascínio. Eduardo Leal saiu em 2003 do Porto, onde nasceu, em 1980, e passou pela Escócia antes de se estabelecer em Londres, onde começou por trabalhar numa fundação que trabalhava com arquivos fotográficos históricos.

Uma série de fotografias de sacos de plástico presos em arbustos no planalto boliviano valeram ao português Eduardo Leal o terceiro lugar nos Prémios Mundiais de Fotografia Sony, anunciados esta quinta-feira em Londres.

Intitulado "Árvores de Plástico", este projeto valeu-lhe também um primeiro lugar na categoria Ambiente do prémio de fotografia Estação Imagem 2015 - Viana do Castelo, o que amplifica a satisfação com a distinção na competição internacional.

PUB

"Não estava nada à espera [de vencer]. É bom ter o reconhecimento pelo trabalho. Esta é uma profissão isolada e é bom saber que se está no caminho certo", revelou Eduardo Leal à agência Lusa em Londres, onde foram entregues os prémios numa cerimónia de gala.

Gostou do ângulo e considerou que seria uma forma eficaz de abordar o "problema" que é a acumulação sacos de plástico no ambiente, sobretudo em países menos desenvolvidos, onde a consciência ambiental e as infraestruturas de recolha de resíduos são reduzidas.

"Depois foi uma questão de procurar a melhor hora e boas perspetivas para fotografar e criar uma série uniforme", explicou Eduardo Leal, produzindo assim "algo bonito, apesar de ser um problema".

Enquanto profissional independente, é Eduardo Leal que descobre os próprios temas, seja em livros, jornais, na música, pintura, cinema ou até conversas casuais.

"Ao contrário do fotojornalista, que trabalha com base nas notícias e histórias do dia a dia, o fotógrafo documental trabalha num espaço de tempo alargado e de forma mais profunda", vincou.

PUB

Um mestrado em fotografia fê-lo "dar o salto" há três anos atrás para se dedicar a esta atividade a tempo inteiro, passando desde então a maior parte do ano na América Latina.

Trabalha para publicações impressas e digitais, sobretudo norte-americanas e do norte da Europa, como Washington Post, Al Jazeera America, Dagens Nyheter, Svenska Dagbladet, Aftonbladet, Die Press, Courrier International, Greenpeace Magazine ou Mashable.

Nunca vendeu para Portugal e fez uma única reportagem no país, sobre os forcados, mas espera que o terceiro lugar da secção para profissionais na categoria Campanhas dos prémios Sony, considerada a maior competição do género a nível internacional, lhe abra mais portas e oportunidades profissionais.

O prémio permite que o trabalho de Eduardo Leal faça parte de uma exposição em Londres, entre 24 de abril a 10 de maio, e de um livro a publicar com as melhores imagens da edição de 2015 dos Prémios Mundiais de Fotografia Sony.

Nesta edição dos Prémios foram também distinguidas a portuguesa Beatriz Rocha, de 15 anos, que venceu a categoria Cultura, e a lusodescendente Stephanie Anjo, de 14 anos, na categoria Retrato, ambas na secção juvenil (até 19 anos).

 

PUB

Últimas