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Medicamentos mais usados na gripe «não recomendados»

Prontuário Terapêutico desaconselha Ilvico, Antigripine, Cêgripe ou Griponal

O uso de alguns dos medicamentos mais publicitados para curar gripes e constipações não é recomendado no Prontuário Terapêutico, que serve como guia aos médicos, porque existem alternativas no mercado mais adequadas, justifica a autoridade do medicamento, refere a Lusa.

«Não se recomenda o seu uso» é uma frase que consta no Prontuário Terapêutico em referência a uma dezena de medicamentos habitualmente usados para estados gripais e constipações, como Ilvico, Antigrippine, Cêgripe ou Griponal.

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«Esses medicamentos não têm nenhum valor acrescentado», disse o coordenador do dispositivo da DGS para a monitorização dos serviços de urgência, Mário Carreira.

Gripe: «Ainda não estamos no auge da epidemia

Para este responsável da DGS, o medicamento mais indicado para o tratamento da gripe é o que tem como única substância o paracetamol, sendo de rejeitar os que assimilam outras substâncias. Os adultos podem também tomar aspirina, produto que deverá ser evitado nas crianças, a quem poderá ser administrado o iboprufeno, anti-inflamatório.

Segundo a autoridade da farmácia e do medicamento (Infarmed), o facto de os medicamentos habitualmente usados para a gripe não serem recomendados «não significa que não possam ser utilizados, que constituam qualquer problema para a saúde pública ou tenham de ser retirados do mercado».

Os peritos que elaboram o Prontuário Terapêutico consideram que «há no mercado alternativas mais adequadas a esses medicamentos», explica o Infarmed.

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Alerta para reacções adversas

Um desses peritos, Walter Osswal, tinha explicado em Março que quando uma substância activa é eficaz deve ser usada isoladamente e não em associação.

A maioria dos medicamentos publicitados para combater gripes ou constipações são combinações de paracetamol (que alivia a dor e a febre) com outras substâncias activas, como cafeína, ácido ascórbico ou codeína.

«É um princípio geral de terapêutica que, quando temos medicamentos eficazes, eles devem ser usados isoladamente. Com combinações de substâncias activas aumenta-se o risco de reacções adversas e não se ganha nada com isso. Muitas vezes as doses são também insuficientes, porque não cabem num comprimido», sustentou na altura Walter Osswal.

Questionado sobre a razão para esses fármacos estarem ainda no mercado, este responsável respondeu que o Infarmed «não é uma agência terapêutica» e que só são retirados do mercado medicamentos perigosos e claramente ineficazes, o que não é o caso.

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Walter Osswal lembrou que o Prontuário Terapêutico é elaborado por um grupo de peritos e funciona como «um conselheiro do médico», não estabelecendo dogmas ou proibições.

Clínicos gerais aconselham «muita precaução»

Para a Associação Portuguesa dos Médicos de Clínica Geral, deve ter-se «muita precaução» no uso de medicamentos de associação, compostos por mais do que uma substância activa.

«Os medicamentos de associação têm de facto mais efeitos secundários e também são mais complicados do que o paracetamol simples», declarou Eduardo Mendes, vice-presidente da associação, explicando que neste tipo de fármacos «não se controlam as dosagens» e «os tempos de eliminação (do organismo) são diferentes».

O paracetamol simples é eleito pelos clínicos para combater dores ligeiras a moderadas e febre, em doses que não devem exceder três gramas diárias nos adultos, enquanto em crianças as prescrições adequam-se ao seu peso.

O uso desta substância activa também deve restringir-se a «períodos relativamente curtos», já que a sua toma em doses altas e por períodos prolongados pode ter «efeitos nocivos», ressalvou o responsável da Associação Portuguesa de Médicos de Clínica Geral.

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