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Médicos queixam-se de faltas recorrentes de material

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Estudo divulgado esta segunda-feira aponta também para um aumento do abandono de tratamentos por motivos económicos

Contudo, também no setor privado se reproduz a mesma queixa, mas apenas em 29% dos médicos de consultórios ou clínicas e em 33% nos hospitais privados. De acordo com o mesmo estudo, quase quatro em cada 10 médicos oncologistas consideram que os seus doentes têm faltado mais às consultas nos últimos anos. A análise sublinha ainda que os dados sobre as faltas dos doentes às consultas não deverão estar ligados a um aumento do número de consultas no Serviço Nacional de Saúde. Outra tendência revelada pelos profissionais inquiridos foi o aumento do abandono de tratamentos por parte dos doentes. Para os médicos que participaram no estudo, entre as razões que mais afetaram a qualidade dos cuidados desde 2011 estão: aumento das taxas moderadoras, custos de transportes, falta de recursos humanos, más condições de trabalho ou falta de medicamentos disponíveis e barreiras no acesso a meios complementares de diagnóstico.

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Cerca de metade dos médicos do Serviço Nacional de Saúde inquiridos num estudo com cerca de 3.000 profissionais afirma que há faltas recorrentes de material nas instituições, apontando ainda um aumento do abandono de tratamentos por motivos económicos.

O estudo realizado pelo ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa, no âmbito de um protocolo com a Ordem dos Médicos, que é apresentado esta segunda-feira, pretende avaliar a experiência profissional dos médicos no contexto das reformas prosseguidas no setor da saúde após 2011, no tempo da intervenção da troika.

No total dos médicos inquiridos, entre os do setor público e privado, mais de um terço apontou para faltas recorrentes de material nas instituições, com os autores do estudo a indicarem que “a situação é particularmente visível no Serviço Nacional de Saúde (SNS)”.

Nos centros de saúde, 60% dos médicos indicam estas falhas de material recorrentes, enquanto no setor hospitalar a taxa é de 44% dos profissionais inquiridos, em questionários enviados em maio de 2013.  

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Médicos do privado também se queixam

Segundo o estudo, a falta de recursos nos hospitais públicos “é um traço marcante”: 40% dos médicos afirmam já ter sido confrontados com a falta de medicamentos para tratar adequadamente os doentes.

Do setor hospitalar público, 30% dos médicos já estiverem envolvidos em cirurgias adiadas e 23% deixaram de realizar técnicas invasivas por falta de material disponível.

Quanto ao abandono de terapêuticas por parte dos doentes, entre os médicos do SNS são 60% os que referem que se registou um aumento nos últimos anos. Cerca de 80% indicam ainda que os doentes têm pedido mais vezes receitas de medicamentos mais baratos.

Na psiquiatria e na pneumologia o abandono de tratamentos é indicado por 70% dos médicos, na medicina geral e familiar por 60% e em oncologia por cerca de metade.

Outro dado do estudo mostra que cerca de 80% dos internos e 50% dos médicos especialistas com atividades de formação consideram que a qualidade formativa no internato médico diminuiu desde 2011.

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Sobre o impacto dos efeitos da troika, 80% dos médicos do SNS consideram que as reformas no setor público já afetaram a qualidade dos cuidados prestados e que não é possível realizar mais cortes financeiros sem comprometer a qualidade.  

Doentes oncológicos faltam mais às consultas

Ao todo, o estudo do ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa baseou-se em questionários dirigidos a cerca de três mil médicos, divididos pelas várias especialidades, sendo que 37 deles eram oncologistas.

Na globalidade, segundo mais de metade dos médicos inquiridos, os doentes têm faltado mais a consultas, um dado que tinha sido já revelado em setembro do ano passado pelo bastonário da Ordem, José Manuel Silva, que indicava que os custos das taxas moderadoras e dos transportes motivavam estas ausências.

“Os dados merecem reflexão: pense-se nas implicações de 40% dos oncologistas inquiridos afirmarem que o absentismo dos doentes aumentou”, referem os autores do estudo.

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“A perceção do aumento do absentismo dos doentes é mais elevada entre os médicos que afirmam não ter havido um aumento de atividade no SNS, do que para os médicos que afirmaram existir esse aumento. Assim, o absentismo dos doentes não parece ser reflexo do aumento da atividade no SNS. Não sendo possível determinar quais as razões desse comportamento, as análises realizadas sugerem dificuldades no acesso”, referem os autores.

Entre os médicos do SNS são 60% os que referem que se registou um aumento desde 2011. Cerca de 80% indicam ainda que os doentes têm pedido mais vezes receitas de medicamentos mais baratos.

Na psiquiatria e na pneumologia o abandono de tratamentos é indicado por 70% dos médicos, na medicina geral e familiar por 60% e em oncologia por cerca de metade.

“Os dados demonstram uma tendência inequívoca de forte condicionalismo financeiro sentido pelos utentes do SNS, em particular no consumo de medicamentos”, refere o estudo do ISCTE, realizado no âmbito de um protocolo com a Ordem dos Médicos.

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