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Gisberta: «Batiam-lhe para ela falar»

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Testemunha admite que arguido combinava «dar porrada na Gi»

André, 16 anos, ex-aluno das Oficinas de São José, referiu esta manhã durante o julgamento do caso «Gisberta», ter visto o arguido (Vítor Santos) no parque de estacionamento do «Pão de Açúcar», no Porto, onde os jovens se deslocavam para agredir o transexual, que acabou por falecer em Fevereiro de 2006.

Nessa deslocação, realizada a convite de um colega «para ver um travesti», a testemunha admitiu que o Vítor «estava lá», mas acrescentou: «No dia em que eu lá fui, não fizeram nada». Na versão da testemunha, os jovens limitaram-se «a falar com ela».

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Perante a insistência da procuradora para que fizesse um esforço de memória, já que estava «obrigado a dizer a verdade», o jovem acabou por admitir que alguns colegas transportavam paus na mão e que um deles chegou a bater na perna de Gisberta para ver «se estava acordada».

Gisberta: arguido não quer falar

Em resposta, a vítima «só dizia que estava muito doente». Questionado sobre a intervenção do arguido, a testemunha referiu que «o Vítor disse para os outros largarem o pau».

«Batiam-lhe para ela falar»

Confrontado com as declarações prestadas na PJ, em Fevereiro de 2006, altura em que referiu que os colegas agrediram a «Gi» com paus e que o Vítor era o único a revelar os motivos da agressão (não gostava de travestis), André acabou por referir que a informação lhe chegara por via indirecta: «O José Alexandre é que me disse isso».

Não obstante, insistiu na ideia de que o Vítor pedia aos colegas para largarem os paus, acrescentando, que apesar de não bater, o arguido integrava o grupo que combinava «ir dar porrada na Gi».

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Quanto aos restantes, refere: «batiam-lhe para ela falar». A testemunha não voltou ao local «porque não achou piada». «Estavam a fazer mal a uma pessoa, que não fez mal a ninguém», referiu.

«Disseram-me que tinham atirado o corpo para o poço»

Ana Maria Silva, ex-directora de turma de alguns dos jovens envolvidos nas agressões, relatou ao tribunal o dia em que três alunos lhe revelaram que «no dia anterior encontraram a Gisberta morta no Pão de Açúcar e que no dia seguinte tinham ido lá ocultar o cadáver, lançando-o a um poço».

Recorda-se de lhe terem dito que encontraram a vítima «despida da cinta para baixo, com um pau enfiado no ânus». Ter-lhe-ão ainda referido que «ajudavam aquele sem-abrigo a quem levavam comida». O caso foi comunicado ao conselho executivo e à polícia.

O vigilante do parque de estacionamento, José Viana, admitiu ter visto os jovens naquele local. «Ouvi várias vezes barulho de madeira a partir», referiu, acrescentando desconhecer que ali pernoitava um sem-abrigo. «A minha função era só em cima e como aquilo era escuro, eu não ia lá para baixo». «A mim chegaram-me a atirar uma pedra», referiu ainda.

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Um rapaz «influenciável»

Maria Manuela Oliveira, directora do curso que o arguido frequentou, ficou «completamente estupefacta» com o alegado envolvimento de Vítor no crime. «Confrontei-o olhos nos olhos e disse-me que não tinha feito nada, que não tinha batido em ninguém», testemunhou a docente, acrescentando que, enquanto esteve em prisão preventiva, o jovem «nem sequer sentia raiva».

A personalidade «influenciável» e «pacata» do arguido não era, para os vários docentes e funcionários das Oficinas, ouvidos esta manhã, compatível com a liderança do grupo. «Não tinha espírito de líder, jamais, em tempo algum», acentuou Maria Oliveira.

O julgamento prossegue no dia 28, à tarde. Até lá o tribunal espera conseguir notificar dois jovens que participaram nos incidentes, para deporem como testemunhas. Vítor, actualmente com 18 anos, responde por três crimes de ofensa à integridade física qualificada e um crime de omissão de auxílio.

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