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Lei do tabaco devia caminhar para a «proibição total»

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Defendeu Jorge Cruz, do Centro Clínico da Fundação Champalimaud

Jorge Cruz, da Unidade do Pulmão do Centro Clínico da Fundação Champalimaud, considerou hoje que a lei do tabaco «já é razoável», mas defendeu que devia caminhar-se para a proibição total de fumar.

«A legislação em relação ao tabaco já é razoável, com a proibição de fumar nos espaços públicos, mas poderá haver a tolerância zero, como já é aplicada nalguns países», disse à agência Lusa Jorge Cruz, no final da assinatura de um protocolo entre a Fundação Champalimaud e a Fundação Portuguesa do Pulmão, em Lisboa

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«A questão da tolerância zero põe sempre alguns problemas éticos, mas eu, pessoalmente, defendo que não se devia fumar em lado nenhum, pura e simplesmente, e não só em recintos fechados», frisou.

O secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Leal da Costa, disse hoje à Lusa que «o Governo [se] prepara para introduzir um conjunto de alterações no sentido de levar à diminuição progressiva dos espaços para fumadores», e que a nova lei do tabaco irá ser submetida à aprovação no parlamento, «o mais tardar em janeiro de 2013».

Para o responsável da Unidade do Pulmão do Centro Clínico da Fundação Champalimaud, essas medidas «vão ser fundamentais» para diminuir o consumo de tabaco.

A atual lei já deu «alguns resultados na diminuição do número de fumadores», observou.

Lembrou que o cancro do pulmão é o que tem maior incidência a nível mundial: «É o que aparece em maior número de casos e o que mais mortes provoca».

Nos países ocidentais, já é a principal causa de morte oncológica, tanto em homens como em mulheres.

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«Há algumas exceções, como é o caso de Portugal, onde é a principal causa de morte oncológica nos homens, mas nas mulheres ainda continua a ser o cancro de mama».

Contudo, a tendência é que «rapidamente também passe a ser nas mulheres a principal causa de morte oncológica».

A Fundação Champalimaud está a atuar em «vários pontos fundamentais» em relação ao cancro do pulmão. Um deles é a prevenção, que passa pela desabituação tabágica, e o estabelecimento de protocolos, como o de hoje, com instituições científicas, para difundir junto da população a importância de deixar de fumar.

Outro foco importante é o diagnóstico precoce: «Sabemos que o cancro do pulmão, quando é diagnosticado na fase inicial, quando ainda pode ser operado, chega a ter sobrevida, aos dez anos, de 90 por cento».

Jorge Cruz alertou que vão ainda surgir muitos casos de cancro do pulmão devido aos hábitos tabágicos instalados, principalmente no final do século XX.

«Na próxima década, o cancro do pulmão irá aumentar ainda mais a sua percentagem, mas esperamos que, com as medidas que se estão a tomar, venha a diminuir».

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Outros focos são o tratamento, assim como a investigação, «que é fundamental».

«Neste momento dispomos de alguns meios, o mais eficaz é a cirurgia, mas também temos a quimioterapia e a radioterapia muito avançadas, que já são boas armas de combate ao cancro, principalmente nos estádios precoces».

Há também uma questão genética do próprio tumor e do doente, por isso a importância da investigação, explicou.

«Verificamos que há cada vez mais gente com cancro do pulmão e que nunca fumou», frisou.

Dados avançados pelo Ministério da Saúde indicam que uma em cada dez mortes ocorridas em Portugal está relacionada com o tabaco.

Em Portugal, gasta-se mais de 490 milhões de euros anualmente, em custos de saúde, relacionados com o tabaco.

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