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Nuno Santos:«É tudo um pretexto para justificar o meu afastamento»

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Inquérito interno da RTP «estava à partida condicionado», disse

O ex-diretor de informação da RTP Nuno Santos disse hoje que o processo envolvendo as imagens da manifestação em frente ao Parlamento, a 14 de novembro, foi «um pretexto para obter e, depois, justificar» a sua demissão.

«Todo este caso se afigura um pretexto para obter e, depois, justificar o meu afastamento», aponta o jornalista em comunicado endereçado à agência Lusa.

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Para Nuno Santos, o resultado do «auto-denominado» inquérito interno da RTP «estava à partida condicionado», pedindo o ex-diretor de informação acesso ao relatório final do mesmo e à prova «que terá sido produzida» contra si.

«Se fui ouvido [no inquérito], e por insistência minha, fiquei com a consciência plena de que o meu depoimento de nada poderia servir, como veio a verificar-se. Um desfecho incompreensível», aponta o responsável, para quem o «resumo do inquérito» a que teve acesso «contém graves falsidades e lamentáveis juízos de valor».

Um inquérito interno da RTP concluiu que Nuno Santos autorizou a PSP a ver as imagens dos incidentes de 14 de novembro em frente ao Parlamento, dia de geve gerral.

Segundo o relatório do inquérito, entregue na quarta-feira à Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), a 14 de novembro a PSP pediu junto da RTP (subdireção de produção de informação) a escolha e cedência das imagens dos incidentes do dia da greve, recolhidas pela RTP, bem como o seu visionamento nas respetivas instalações.

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«Não autorizei em momento algum, e quero deixar isso bem claro, o visionamento de «brutos» sobre os incidentes de 14 de novembro», reiterou hoje Nuno Santos à agência Lusa.

A «não saída» dos DVDs da RTP, cuja transcrição, diz Santos, fora feita sem o seu conhecimento, deveu-se à contribuição do então diretor de informação e do seu adjunto, Vítor Gonçalves.

Ausente em Londres, o diretor diz que pediu então um contacto pessoal com o diretor-geral da RTP, Luís Marinho, para se discutir o assunto, «tendo o mesmo sido concretizado no dia útil seguinte».

«Ainda meses antes tinha eu recusado ao Provedor do Espectador (...) acesso aos designados «brutos» numa reportagem sensível sobre a utilização de crianças da Casa Pia em experiências científicas, tendo ficado bem claro o meu pensamento sobre o tema. Como se explicaria que, de repente, tivesse mudado tão radicalmente a minha posição de fundo sobre esta matéria?», interroga Nuno Santos.

O jornalista sublinha também a «absoluta necessidade» de ser aberto um inquérito a todo o episódio feito por uma «entidade imparcial, seja a ERC, o Sindicato dos Jornalistas ou a Comissão da Carteira Profissional do Jornalista, para o qual desde já volto a manifestar a minha total disponibilidade».

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«Durante os últimos vinte meses foi possível trabalhar na informação da RTP com inteira liberdade e total independência perante todos os poderes e forças políticas, o que só pode ter causado incómodos», diz também Nuno Santos na nota endereçada à Lusa.

Santos diz ainda que não compreende «que se manche a reputação de profissionais, e por arrastamento se coloque potencialmente em perigo a integridade física de repórteres da RTP» que cubram futuras manifestações, só com o pretexto de o retirar do cargo de diretor de informação.

O presidente do conselho de administração da RTP, Alberto da Ponte, disse na quarta-feira que o inquérito sobre o caso das imagens visionadas pela PSP na empresa é interno e que as pessoas responderam «sob sigilo».

«Não divulguei o inquérito [apenas as conclusões ao presidente da ERC]. É um inquérito interno e as pessoas que responderam» fizeram-no «sob sigilo», disse o gestor.

Alberto da Ponte adiantou que caso a ERC avance com um inquérito, o que o presidente do regulador, Carlos Magno confirmou que sim, «nessa altura a RTP facultará todas as informações que forem solicitadas como é sua obrigação legal e como é sua obrigação ética».

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