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Crato faz «delete» à Informática no 9º ano

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São mais 3600 professores que vão para o desemprego. Mas, as medidas do ministro não se ficam por aqui: o fim dos dois professores em EVT volta a estar em cima da mesa

O verbo no ministério da Educação é «cortar». Em entrevista ao jornal Público, Nuno Crato concretiza onde vai apertar o cinto nas escolas. Desde logo, o ministro quer acabar com as aulas de Informática no 9º ano e justifica: «Nesta idade, a maioria dos jovens já domina os computadores perfeitamente».

A Fenprof já reagiu a esta medida nas páginas do Correio da Manhã. Mário Nogueira ironiza: se «a maioria dos alunos já sabe ler e escrever no 9º, se calhar devia-se acabar com o Português». A avançar, a supressão desta disciplina arrasta mais de 3600 professores para o desemprego e uma poupança de 43 milhões aos cofres do ministério.

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Se a decisão e acabar com a Informática no 9º ano é nova, volta à berlinda o fim dos dois professores nas aulas de Educação Visual e Tecnológica (EVT). Nuno Crato «percebe que seja bom ter dois professores na sala de aula, mas não estamos em época de o fazer. Estamos em época de pensar se não se deverá separar curricularmente a Educação Visual e a Educação Tecnológica».

Mário Nogueira recorda que «há seis meses o PSD votou contra o fim do par pedagógico em EVT». Crato diz que essa nega fazia sentido no programa curricular anterior.

O sindicato teme pelo futuro da profissão, diz que com as medidas em preparação vão eliminar «32 a 35 mil postos de trabalho». Já era conhecido o fim da Área de Projecto no 2º e 3º ciclo, que permite um encaixe de 50 milhões. De tesoura na mão, o ministro tem que emagrecer o orçamento em 1500 milhões, 600 deles em despesas. «Temos que tomar uma série de medidas para que apenas sejam contratados, para além dos professores dos quadros, aqueles que sejam estritamente necessários. Ou seja, 28 mil professores.

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Nuno Crato quer, no entanto, alargar os contratos de associação, mas vai «tentar encerrar mais umas 300» escolas do 1º ciclo.

O ensino superior também não é esquecido. Vai sofrer «uma redução que anda à volta de 100 milhões» e defende a fusão de algumas universidades.

Já esta segunda-feira, a presidente da Confederação Nacional Independente de Pais e Encarregados de Educação defendeu que a disciplina de Tecnologias da Informação Comunicação (TIC) deveria ser deslocada do 9.º ano de escolaridade para o início do 2.º ciclo.

«Os jovens sabem manusear perfeitamente um computador. Começam a ter contacto com os computadores muito cedo logo com o Magalhães. Fazia mais sentido colocá-la no início do 2.º ciclo», salientou Maria José Viseu, realçando também que mesmo na escola a maior parte dos trabalhos são feitos desde muito cedo com recurso à informática.

Revisão «sobre o joelho»

Já a Federação Nacional da Educação (FNE) rejeitou que a revisão curricular se faça «sobre o joelho e apenas com a preocupação da poupança».

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«Se a lógica for exclusivamente esta, os alunos sairão prejudicados», disse à Lusa o secretário-geral da FNE, João Dias da Silva.

A FNE quer conhecer o contexto de toda a revisão curricular, defendendo um debate com especialistas em educação e todos os envolvidos, para ter efeitos em 2012/2013.

Dias da Silva espera, para já, que a pressão financeira «não se sobreponha às preocupações» com a qualidade do ensino.

«São medidas em estudo (TIC e EVT), mas parecem-nos de consequências negativas, queremos conhecer o restante contexto, mas é claro que nos suscitam muitas dúvidas e preocupações da forma como estão enunciadas», declarou.

Artigo actualizado às 14:21

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