Escutas de conversas telefónicas entre o tio e o primo do norte-americano Allan Sharif estiveram, esta terça-feira, em destaque no julgamento do caso que envolve dezenas de crimes de extorsão qualificada, burla agravada e branqueamento de capitais de índole transnacional.
Durante a segunda sessão do julgamento, que teve início segunda-feira no Tribunal de Mangualde, foram ouvidas perto de duas dezenas de escutas de telefonemas relativos às orientações que o tio de Allan Sharif, J. Guedes, dava ao seu filho N. Guedes, de 31 anos, para levantar dinheiro oriundo do estrangeiro, nomeadamente na agência Cotacambios do aeroporto do Porto.
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À semelhança da sua irmã, que tinha sido ouvida segunda-feira, do cunhado e de outra irmã que prestaram depoimento esta terça-feira de manhã, N. Guedes garantiu ter feito levantamentos e transferências a pedido do pai, pensando tratar-se de dinheiro resultante da venda de uma quinta situada em Mangualde. Disse nunca ter desconfiado do progenitor e que nunca o questionou sobre os seus negócios.
Comum a todos foi também o facto de não saberem explicar o porquê de o dinheiro ser proveniente de remetentes diferentes, de vários países, quando o suposto comprador seria do Canadá, e o porquê de J. Guedes lhes pedir para fazerem os levantamentos ou transferências (por vezes mais do que um/a no mesmo dia) e não ser ele próprio a efectuá-los.
Actualmente com 30 anos, Allan Guedes Sharif - detido em Junho de 2008 em Viseu - é considerado o cérebro de um grupo constituído pelo seu tio e os quatro filhos e o genro deste, e ainda um amigo, todos arguidos.
Estão acusados da co-autoria de 27 crimes de extorsão qualificada, burla agravada e branqueamento de capitais, que terão lesado empresas e instituições financeiras de vários países, nomeadamente dos Estados Unidos e de países europeus como o Reino Unido, a Dinamarca, a Holanda e a Suíça.
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