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Polícias: sete casos de suicídio

Elementos da PSP e da GNR estão sujeitos a uma grande pressão psicológica e têm armas sempre à mão. Esta quarta-feira aconteceu mais um caso

Um militar da GNR ter-se-á suicidado esta noite, na Guarda. Só no último ano, a GNR registou três casos de suicídio entre os seus elementos. Na PSP, morreram quatro polícias desta forma. A pressão psicológica a que estes profissionais estão sujeitos e o facto de terem a pistola sempre à mão, parecem ser factores determinantes.

Ao todo, sete polícias tiraram a vida a eles próprios em 2005. De acordo com as informações recolhidas junto da PSP e da GNR, alguns traços parecem ser comuns a quase todos os suicídios. As mortes ocorrem quase sempre através do recurso a armas de fogo. São jovens a rondar os 30 anos. E vivem sujeitos a pressão psicológica.

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No caso ocorrido esta quarta-feira, o soldado tinha 48 anos. O seu corpo foi encontrado nas instalações do Grupo Territorial da GNR da Guarda. O militar morreu com um tiro, alegadamente disparado com a arma de serviço. Deixou algumas cartas escritas, razão pela qual a GNR acredita na hipótese de suicídio.

O indivíduo trabalhava no departamento de cinotecnia (equipas de cães-polícia). O conteúdo das cartas não foi revelado mas tudo indica que o militar vivia problemas pessoais.

Mas os problemas pessoais nem sempre são a explicação para estes actos de desespero. «Existe hoje na Guarda uma pressão cada vez maior sobre os profissionais, devido ao aumento das cargas horárias e à multiplicação de funções», atira Carlos Brás, da Associação Sócio-Profissional Independente da Guarda em declarações à Lusa.

«É uma profissão de risco. Lidamos com a parte mais podre da nossa sociedade», desabafa outro elemento da GNR. «Há situações em que ou matamos ou morremos e o acumular de situações destas leva-nos a um estado de stress que não só não é compreendido pela hierarquia [pelas chefias] como ainda somos punidos e excluídos», explica Paulo Rodrigues, da Associação Sócio Profissional da PSP.

O mesmo dirigente sindical defende que «as instituições devem criar condições e estar atentas às pessoas que precisam de ajuda». «É muito mais fácil punir do que ajudar a evitar uma falha», remata.

Um oficial da GNR acredita que os casos de investigação criminal são aqueles que mais afectam os militares. E dá o seu próprio exemplo: «Investiguei um caso de um pai que abusava sexualmente das duas filhas, chegando a engravidar uma delas. Foi o caso que mais me impressionou. Nessa noite não consegui dormir».

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