Já fez LIKE no TVI Notícias?

O Universo está a morrer

Relacionados

Energia produzida pelas galáxias é menor, em todos os comprimentos de onda de radiação, conclui estudo depois de analisar perto de 200 mil galáxias

O trabalho foi feito no âmbito do projeto Galaxy And Mass Assembly (GAMA), "o maior rastreio alguma vez realizado em múltiplos comprimentos de onda", lê-se ainda no comunicado do OES, organização da qual Portugal faz parte. Em 2004, um estudo determinou que o Universo podia ainda durar mais 30 mil milhões de anos do que se pensava, com base nas imagens de 42 supernovas (explosões de estrelas) captadas pelo telescópio espacial Hubble. A equipa de Driver vai apresentar hoje os resultados da sua investigação na XXIX Assembleia Geral da União Astronómica Internacional, em Honolulu, Havai, nos Estados Unidos.

O Universo está a morrer. Lentamente, mas está a morrer, conclui um estudo divulgado esta segunda-feira Observatório Europeu do Sul (OES). O estudo especifica que a energia produzida pelas galáxias é menor, em todos os comprimentos de onda de radiação

Uma equipa internacional de astrónomos chegou a essa conclusão depois de analisa perto de 200 mil galáxias e mediu a energia gerada numa enorme zona do Universo próximo da Via Láctea, onde se localiza a Terra.

PUB

A energia gerada nesta zona, no Universo de hoje, é cerca de metade da produzida há dois mil milhões de anos. Este desvanecimento ocorre em todos os comprimentos de onda da radiação de luz, desde o ultravioleta ao infravermelho longínquo, ambos invisíveis aos olhos.

"Usámos tantos telescópios terrestres e espaciais quantos os que nos foram possível [usar], para medir a produção de energia de cerca de 200.000 galáxias ao longo do maior intervalo de comprimentos de onda possível", afirmou Simon Driver, do Centro Internacional para a Investigação em Radioastronomia, na Austrália, que lidera a equipa do GAMA, citado pela Lusa.

O Observatório Europeu do Sul assinala que o "declínio lento" do Universo "é conhecido desde o final da década de 1990". A "mostra que este processo está a acontecer em todos os comprimentos de onda, desde o ultravioleta ao infravermelho, representando assim a estimativa mais completa de produção de energia no Universo próximo", ressalva.  

PUB

A longevidade do Universo

Há cerca de três anos, uma outra equipa internacional de astrónomos, liderada pelo português David Sobral, do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, concluiu que estão a formar-se 30 vezes menos estrelas do que há 11 mil milhões de anos.

O Universo tem quase 14 mil milhões de anos. Grande parte da sua energia - a das galáxias, das estrelas, dos buracos negros e a chamada energia escura, que continua a ser um mistério para os físicos, mas que representa mais de 70 por cento da composição do Universo - foi criada na sequência do Big Bang, uma espécie de explosão de partículas.

"Estamos numa época em que se formam poucas estrelas, e vão formar-se cada vez menos à medida que os anos passam. Mesmo que esperássemos um tempo infinito, o Universo nunca vai formar mais do que cinco por cento das estrelas que existem hoje", explicou David Sobral anteriormente à Lusa, acrescentando que a maioria das estrelas que existem, e vão existir, foi gerada no passado.

PUB

Segundo David Sobral, por o Universo estar em expansão acelerada, e ser cada vez mais difícil formar novas estrelas, é que ele pode estar a morrer, embora lentamente, porque, afinal de contas, "as estrelas vivem mesmo muito tempo".

O astrónomo Simon Driver adianta, citado no comunicado do OES, que "energia adicional está a ser constantemente criada pelas estrelas" à medida que estas fundem, por fusão nuclear, elementos químicos como o hidrogénio e o hélio.

A nova energia gerada "é absorvida pela poeira à medida que viaja pela sua galáxia hospedeira, ou escapa para o espaço intergaláctico e viaja até atingir alguma coisa, como por exemplo outra estrela, um planeta ou, muito ocasionalmente, um espelho de telescópio".

Para o seu trabalho, os astrónomos socorreram-se dos telescópios terrestres Vista e VST, do Observatório Europeu do Sul, no Chile, e espaciais GALEX e WISE, da agência espacial norte-americana NASA, e Herschel, da agência espacial europeia ESA.

O grupo pretende dar continuidade ao estudo, "mapeando a produção de energia ao longo de toda a história do Universo", com o auxílio daquele que é visto como o maior e o mais potente radiotelescópio do mundo, o Square Kilometre Array, que será construído na Austrália e na África do Sul, com participação portuguesa, da Universidade de Évora e do Instituto de Telecomunicações.

PUB

Relacionados

Últimas