O especialista em transportes Fernando Nunes da Silva considerou hoje que o Túnel do Marquês não vai descongestionar o trânsito em Lisboa, podendo mesmo vir a contribuir para aumentar o número de veículos que entram na cidade.
O catedrático do Instituto Superior Técnico, que falava à agência Lusa a propósito da abertura do Túnel do Marquês quarta-feira, sublinhou que o descongestionamento de trânsito para o coração da cidade foi um dos motivos que originou a construção do túnel das Amoreiras e que a experiência «tem demonstrado precisamente o contrário».
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«O tempo encarregar-se-á de nos mostrar» o mesmo resultado em relação ao Túnel do Marquês, frisou.
Túnel vai trazer mais congestionamentos e poluição a Lisboa
Para este especialista, o Túnel do Marquês vai servir para «trazer» mais trânsito para o centro da cidade, podendo mesmo gerar «mais congestionamentos» nas zonas de saída. Nunes da Silva desmistificou ainda que a construção do Túnel do Marquês sirva para cumprir o protocolo de Quioto, que estabelece os níveis de libertação de dióxido de carbono para a atmosfera.
Segundo o especialista, os gases continuam a ser libertados para a atmosfera, primeiro no interior do túnel e fora dele quando o trânsito fluir pelo exterior.
Troço por abrir tem curva perigosa para automobilistas
Nunes da Silva disse que a «parte mais complicada da obra é a que está por abrir» - a parte que vai permitir o acesso à Avenida António Augusto de Aguiar, referindo-se aos eventuais perigos que o túnel pode representar para os automobilistas.
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«Este troço é o que tem a curva mais apertada e podemos prever o que irá acontecer se olharmos para o que tem acontecido nos túneis da Avenida João XXI, na zona do Areeiro, e nos da zona do Parque das Nações, em Moscavide», frisou.
Sobre a inclinação do piso, disse que os seus efeitos estão a ser «minimizados» pela imposição de velocidade máxima de 50 quilómetros/hora.
Limite de 40 km/hora é «excessivo e despropositado»
No entanto, o especialista referiu que hoje, ao início da tarde, passou no Túnel do Marquês e detectou que estava a ser imposto o limite de 40 quilómetros/hora, uma medida que considerou «excessiva e despropositada».
«Se construíram um túnel para descongestionar o trânsito, não conseguirão fazê-lo impondo um limite de 40 quilómetros/hora», referiu, acrescentando que o limite de 50 quilómetros/hora é muito mais sensato, já que é o «limite para a condução na cidade».
Via não contribui para mais passeios para peões
Para Fernando Nunes da Silva, outro dos factores negativos do túnel reside no facto de não ter contribuído para um aumento dos passeios para peões, ao contrário do que aconteceu com o túnel das Amoreiras.
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30 mil carros deverão passar no túnel nas primeiras 24 horas
O coordenador camarário da obra do Túnel do Marquês estima que até às 20:00 de hoje, quando se assinalam 24 horas após a inauguração da infra-estrutura, o número de veículos que atravessou aquela via chegue aos 30.000.
«Foi muito bom para o primeiro dia, as pessoas estão a adaptar-se rapidamente», disse à agência Lusa o responsável, Vítor Damião, adiantando que aquele número poderá vir a aumentar nos próximos dias.
Segundo Vítor Damião, o túnel tem capacidade até 50.000 viaturas por dia.
Entre as 16:00 e as 18:00, passaram 2.255 veículos por hora pelo Túnel do Marquês, precisou Vítor Damião.
O coordenador da obra adiantou que os automobilistas estão a optar pelo túnel e que a superfície está liberta de trânsito, não se tendo registado quaisquer congestionamentos de tráfego na zona.
Às 18:30 horas não havia congestionamentos na Avenida Joaquim António de Aguiar, o que antes não era habitual a esta hora, disse.
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